Reconstruir pontes derrubadas por um discurso de animosidade, recuperar uma economia cambaleante e fortalecer as instituições são prioridades de quem vencer
Neste domingo, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) disputam o voto de dezenas de milhões de brasileiros no segundo turno da eleição presidencial. A campanha girou em torno de avaliações de desempenho – Dilma disputa a reeleição, e seu partido ocupa o Planalto há 12 anos; o PSDB esteve na Presidência entre 1995 e 2001, e Aécio foi governador de Minas Gerais – e teve lá seus pontos baixos, como o terrorismo eleitoral petista, que mereceu resposta enérgica do tucano, recebida com vitimismo de gênero. Mas hoje queremos propor aos eleitores três pontos que, acreditamos, todo brasileiro concordará que são parte de um plano para que o Brasil seja um país melhor nos próximos anos.
Quem ocupar o Palácio do Planalto entre 2015 e 2018 precisa ter plena consciência de que está governando para todos os brasileiros. Esta campanha presidencial mostrou que o país está altamente polarizado, e de uma maneira prejudicial à busca do bem comum. O brasileiro, tradicionalmente tolerante e cordial, mostrou grandes doses de uma incomum agressividade ao longo destes meses, seja em defesa de seu candidato, seja contra o adversário (e seus eleitores). Mas tal situação não surge do nada: ela foi sendo cultivada ao longo de anos de discurso de “nós contra eles” – discurso esse cultivado especialmente pelo partido que está no poder desde 2002 –, criando diversas clivagens na sociedade brasileira: brancos e negros, homens e mulheres, ricos e pobres, empresários e assalariados, homossexuais e heterossexuais, locais e imigrantes, nordestinos e sulistas... bem sabemos que algumas dessas categorias são importantes na criação da identidade pessoal ou de grupo. Mas o problema começa quando se coloca na cabeça de determinada categoria que seu “antagonista” é um inimigo que só quer destruí-lo e humilhá-lo. Cortam-se, assim, as pontes que permitiriam um trabalho conjunto por um país melhor. Reconstruí-las é obrigação do vencedor de hoje.
Outro compromisso do presidente da República precisa ser o de fortalecer as instituições e as liberdades democráticas. Aqui, falamos especialmente da independência entre os poderes e das liberdades de expressão, de associação e de imprensa. Temos exemplos muito próximos de países que ou já vivem em ditaduras ou se encaminham para tal, e todos têm aspectos em comum: Legislativos e Judiciários subservientes ao Executivo, imprensa sufocada e hostilizada pelo governo, a introdução cada vez mais frequente de novos “crimes de opinião”, que vão da crítica pura e simples ao governo até a divulgação de estatísticas independentes de inflação. Essas tentações seguem presentes no Brasil, que mal saiu de um regime autoritário e tem uma democracia ainda jovem, chegando aos 30 anos.
A economia deve ser outra preocupação prioritária de quem for eleito neste domingo, especialmente no que diz respeito à inflação, ao crescimento e ao emprego. O IPCA acumulado em 12 meses já está acima do teto da meta do Banco Central, e isso sem considerar aumentos de preços controlados pelo governo, que terão de vir mais cedo ou mais tarde. A inflação corrói especialmente os rendimentos dos mais pobres, que não veem seu dinheiro sobrar no fim do mês e não têm como se defender da desvalorização da moeda por meio de investimentos. O crescimento do PIB em 2014 muito provavelmente ficará abaixo de 1%, e situações como as prolongadas suspensões de contratos de trabalho nas montadoras mostram que já não é mais possível seguir insistindo na estratégia do aumento do PIB por meio do consumo. É preciso buscar outras alternativas, especialmente com o estímulo à poupança e ao investimento.
Que neste domingo os eleitores possam refletir com serenidade e escolher o candidato que, na sua avaliação, é o mais capaz de cumprir essas tarefas – a de reconstruir pontes derrubadas por um discurso violento de animosidade social, a de recuperar uma economia cambaleante e a de fortalecer nossas instituições e liberdades democráticas.
Neste domingo, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) disputam o voto de dezenas de milhões de brasileiros no segundo turno da eleição presidencial. A campanha girou em torno de avaliações de desempenho – Dilma disputa a reeleição, e seu partido ocupa o Planalto há 12 anos; o PSDB esteve na Presidência entre 1995 e 2001, e Aécio foi governador de Minas Gerais – e teve lá seus pontos baixos, como o terrorismo eleitoral petista, que mereceu resposta enérgica do tucano, recebida com vitimismo de gênero. Mas hoje queremos propor aos eleitores três pontos que, acreditamos, todo brasileiro concordará que são parte de um plano para que o Brasil seja um país melhor nos próximos anos.
Quem ocupar o Palácio do Planalto entre 2015 e 2018 precisa ter plena consciência de que está governando para todos os brasileiros. Esta campanha presidencial mostrou que o país está altamente polarizado, e de uma maneira prejudicial à busca do bem comum. O brasileiro, tradicionalmente tolerante e cordial, mostrou grandes doses de uma incomum agressividade ao longo destes meses, seja em defesa de seu candidato, seja contra o adversário (e seus eleitores). Mas tal situação não surge do nada: ela foi sendo cultivada ao longo de anos de discurso de “nós contra eles” – discurso esse cultivado especialmente pelo partido que está no poder desde 2002 –, criando diversas clivagens na sociedade brasileira: brancos e negros, homens e mulheres, ricos e pobres, empresários e assalariados, homossexuais e heterossexuais, locais e imigrantes, nordestinos e sulistas... bem sabemos que algumas dessas categorias são importantes na criação da identidade pessoal ou de grupo. Mas o problema começa quando se coloca na cabeça de determinada categoria que seu “antagonista” é um inimigo que só quer destruí-lo e humilhá-lo. Cortam-se, assim, as pontes que permitiriam um trabalho conjunto por um país melhor. Reconstruí-las é obrigação do vencedor de hoje.
Outro compromisso do presidente da República precisa ser o de fortalecer as instituições e as liberdades democráticas. Aqui, falamos especialmente da independência entre os poderes e das liberdades de expressão, de associação e de imprensa. Temos exemplos muito próximos de países que ou já vivem em ditaduras ou se encaminham para tal, e todos têm aspectos em comum: Legislativos e Judiciários subservientes ao Executivo, imprensa sufocada e hostilizada pelo governo, a introdução cada vez mais frequente de novos “crimes de opinião”, que vão da crítica pura e simples ao governo até a divulgação de estatísticas independentes de inflação. Essas tentações seguem presentes no Brasil, que mal saiu de um regime autoritário e tem uma democracia ainda jovem, chegando aos 30 anos.
A economia deve ser outra preocupação prioritária de quem for eleito neste domingo, especialmente no que diz respeito à inflação, ao crescimento e ao emprego. O IPCA acumulado em 12 meses já está acima do teto da meta do Banco Central, e isso sem considerar aumentos de preços controlados pelo governo, que terão de vir mais cedo ou mais tarde. A inflação corrói especialmente os rendimentos dos mais pobres, que não veem seu dinheiro sobrar no fim do mês e não têm como se defender da desvalorização da moeda por meio de investimentos. O crescimento do PIB em 2014 muito provavelmente ficará abaixo de 1%, e situações como as prolongadas suspensões de contratos de trabalho nas montadoras mostram que já não é mais possível seguir insistindo na estratégia do aumento do PIB por meio do consumo. É preciso buscar outras alternativas, especialmente com o estímulo à poupança e ao investimento.
Que neste domingo os eleitores possam refletir com serenidade e escolher o candidato que, na sua avaliação, é o mais capaz de cumprir essas tarefas – a de reconstruir pontes derrubadas por um discurso violento de animosidade social, a de recuperar uma economia cambaleante e a de fortalecer nossas instituições e liberdades democráticas.
28 de outubro de 2014
Editorial Gazeta do Povo, PR
Nenhum comentário:
Postar um comentário