"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 15 de julho de 2014

MASCARAR PARA NÃO ERRAR

 

 
Reconhecer erros é uma das coisas mais difíceis de se fazer e, por isso mesmo, rara de acontecer. E não há campo em que os erros são tão disfarçados como a política.

Agora, com os inúmeros recursos tecnológicos, a distância que se cria entre a versão e o fato parece estar ainda maior.

O eleitor deverá ter mais dificuldade do que já tinha para conhecer verdadeiramente quem são os candidatos. Embora as informações estejam cada vez mais acessíveis, não há como garantir que a verdade está mais próxima do eleitor. Isso fica claro ao se observar o caminho percorrido pela informação.

Não há uma só palavra que um candidato diga que não tenha sido estudada por sua equipe de campanha, o que envolve os departamentos jurídicos, de marketing pessoal e político, de pesquisa etc.

Se os discursos e as entrevistas são ensaiados, as mensagens postadas em redes sociais passam longe dos candidatos. Normalmente, são as próprias equipes de campanhas que produzem os textos e os divulgam.
Assim, o que o eleitor tem condição de conhecer é apenas uma imagem que o candidato e sua equipe querem que seja divulgada. O eleitor só pode tomar conhecimento do que querem que ele conheça. Não há escolha.

BLINDAGEM

A blindagem que envolve os candidatos é tão grande que não seria imprudência dizer que até eles mesmos se perdem em meio ao seu aparato.
Não deve ser fácil controlar as inúmeras cabeças que pensam por eles, as bocas que falam por eles, os pés que caminham por eles e as mãos que agem por eles.
Crise de identidade deve ser o mínimo que pode acontecer. Mas essa é uma escolha do candidato. Ao contrário do eleitor, que só pode acreditar ou não naquilo que lhe é apresentado.

Quando um erro acontece, a responsabilização do ato tem inúmeros degraus para vencer até chegar à pessoa que efetivamente falhou. Ao chegar ao candidato – quando chega –, a culpa já foi toda diluída, e resta a ele apenas dizer que está tomando providências e que os responsáveis serão encontrados e punidos.

DEBATES

Diante desse quadro, é fundamental que o eleitor tenha a chance de presenciar alguns eventos de campanha.
Os debates, por exemplo, são muito importantes para mostrar características individuais dos candidatos, como controle emocional na situação de adversidade, capacidade de improviso e de relacionamento com opositores – aquilo que os livros de autoajuda chamam de “inteligência emocional”.
Outras questões, como conhecimento, por exemplo, não é possível medir, já que os candidatos são auxiliados por suas equipes o tempo todo.

Mas, certamente, o debate é uma oportunidade de desnudamento. Ausência em debates é medo da verdade, da própria incapacidade e do erro. Antes que os convites sejam feitos, que todos eles já se sintam convocados.

(transcrito de O Tempo)

15 de julho de 2104
Carla Kreefft

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