"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O DESPERTAR DOS ARTISTAS


adélia prado sobre sofrimento


“Tinham três coisas que a gente fazia quando era garoto que a gente mais se amarrava: andar de skate, ouvir Rock n’Roll e falar mal do governo”, anunciou Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, durante a apresentação do grupo no Rock in Rio 2011.

“Na verdade, os anos foram passando e a gente descobriu que gostava de falar mal de qualquer governo. Fosse ele de esquerda ou de direita. Todos são iguais. Essa aqui é para as oligarquias que ainda parecem dominar o Brasil. Essa aqui é para o Congresso brasileiro, em especial para o José Sarney”.

A fala que precedeu a música Que país é esse? não foi apenas o estopim para o grito contido na garganta de milhões de brasileiros. Ela marcou também o despertar de artistas e intelectuais diante daquela que é, segundo definiu Adélia Prado no programa Roda Viva, uma das épocas mais cinzentas da história brasileira. “Nós vivemos uma ditadura disfarçada”, lamentou a poeta. “Os poderes da República estão como comida envenenada”.

Em 2013 foi a vez de Lobão, massacrado pela esquerda depois do lançamento do livro Manifesto do Nada na Terra do Nunca. “Temos uma presidenta que é uma anta, que fala mal, que pensa mal”, desabafou o cantor na entrevista a esta coluna. “Nós temos que sair desse atoleiro”.

A mesma raiva despejada sobre Lobão foi desferida na última semana contra Roger, vocalista do Ultraje a Rigor, e Ney Matogrosso.
Ney entrou no rol dos inimigos da pátria depois de fazer, durante uma entrevista à emissora portuguesa RTP, a pergunta que se fazem todos os brasileiros decentes:

“Se existia tanto dinheiro disponível para gastar na Copa, por que não resolver os problemas do nosso país?”.

Criticado pelo twitter, Roger contra-atacou ao vivo, durante um show no último dia 10:

“Fui atacado porque, segundo a lógica distorcida desses cretinos, eu estaria aceitando dinheiro de um governo que não apoio para tocar hoje aqui, e que isso não seria coerente.
Pois bem, quem está me pagando hoje não é um partido que se considera dono do Brasil”.

E terminou com a constatação que tanto os cidadãos quanto o governo — um por ignorância, outro por esperteza — parecem esquecer: “Quem está me pagando é o povo, do qual eu faço parte”.

Dinho Ouro Preto:

https://www.youtube.com/watch?v=LMLeUf-boSU&feature=player_embedded

Adélia Prado:

https://www.youtube.com/watch?v=acK7zTHAhgE&feature=player_embedded

Lobão:

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=usx4lIicrkA

Roger:

https://www.youtube.com/watch?v=wRyMRe2qtuY&feature=player_embedded

Ney Matogrosso:

https://www.youtube.com/watch?v=DqJ0kF1_oL0&feature=player_embedded


16 de maio de 2014
BRANCA NUNES, Veja

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