"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

PIZZOLATO TERIA DOSSIÊ QUE RESPINGARIA EM ALGUNS POLÍTICOS

 




Condenado no processo do mensalão, Henrique Pizzolato foi, muitas vezes, um petista com atuação no bastidor, apadrinhado pelos colegas que viviam sob os holofotes.
A posição de coadjuvante foi mantida diante de uma fracassada campanha ao governo do Paraná em 1990, quando obteve menos de 5% dos votos.
Foi diretor da Previ, bilionário fundo de previdência do Banco do Brasil, mas foi com escândalos em sua diretoria no banco e o mensalão que seu nome passou a ganhar destaque na imprensa.
 
Atrás das grades, depois de dois meses e meio foragido, Pizzolato, de 61 anos, apega-se a um dossiê que, segundo amigos, poderia respingar em alguns políticos. Ninguém revela quem.
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Pizzolato por entender que ele autorizou a liberação de R$ 73 milhões da Visa Net para a DNA Propaganda, de Marcos Valério, sem garantias dos serviços contratados. Ele teria recebido cerca de R$ 300 mil em espécie.
 
Na época, ele comprou um apartamento por aproximadamente R$ 400 mil em Copacabana. O ex-diretor disse que jamais embolsou o dinheiro e que não chegou a abrir o pacote, entregue no mesmo dia que recebeu a um emissário do PT, onde o recurso estava.

Essa operação, dizem amigos de Pizzolatto, teria ocorrido em março de 2004, quando os petistas do Rio preparavam-se para as eleições municipais. Mas o nome do emissário nunca foi revelado.
 
LIGADO A GUSHINKEN

Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Pizzolato chegou à diretoria de marketing da instituição em 2004, após ajudar na arrecadação para campanha presidencial de Lula em 2002. Era ligado ao secretário de Comunicação, o ex-ministro Luiz Gushiken, morto em setembro de 2013 e inocentado pelo Supremo.

Foi na conta de Gushiken e do ex-presidente do BB Cássio Casseb que Pizzolato pôs a culpa pela antecipação de pagamentos feitos pela Visa Net à DNA Propaganda, que teriam abastecido o esquema do mensalão. Embora a nota técnica com a autorização para a antecipação desses pagamentos tenha sua assinatura, ele alegou que consultou Casseb e Gushiken antes de assiná-la. Em depoimento na CPI dos Correios em dezembro de 2005, Pizzolato disse que foi um “inocente útil” do PT.

A verdade é que o ex-diretor nutria uma mágoa pelo partido que ajudou a fundar no Paraná. Sentia-se esquecido pelos companheiros, ofuscado por outras figuras envolvidas no escândalo, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino. Ao fim de seu depoimento à CPI, sua mulher, Andréa Haas, irritada, ameaçou:

— O PT vai pagar o que fez com ele.

Andréa não engoliu a falta de apoio ao marido e tentou fazê-lo pedir a desfiliação. Os amigos demoveram Pizzolato da ideia. O sentimento de mágoa é potencializado ao ver que petistas mais conhecidos recebendo doações para pagar suas multas. A que foi imposta por Pizzolato foi a maior entre todos eles: R$ 1,3 milhão (ainda sem correção).

COM VALÉRIO

O nome de Pizzolato veio à tona no escândalo do mensalão quando, em junho de 2005, a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio o mencionou em depoimento ao Conselho de Ética.
Ela disse que o então diretor mantinha um relacionamento estreito com Valério.
Desgastado com o mensalão, Pizzolato se antecipou à decisão já tomada pelo governo de substituí-lo e apresentou seu pedido de aposentadoria em julho de 2005.

Pizzolato teve passagem turbulenta pelo BB no governo Lula. Em 2004, a instituição patrocinou um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano que arrecadou recursos para construção da nova sede do PT, ideia que acabou sendo abortada. O patrocínio de R$ 40 mil foi usado para compra de ingressos distribuídos a clientes do banco.

— Já comemos torresmo com muito mais cabelo — disse ele, ao desdenhar da polêmica.

O dinheiro foi devolvido com a divulgação do episódio, mas a imagem de Pizzolato ficou abalada. Muitos pediram a cabeça do diretor, mas ele não caiu porque tinha o apoio de Dirceu. Agora, a ajuda já não vem do ex-ministro, mas de amigos menos conhecidos:

— Vamos ter que pensar no que ajudar — afirmou Alexandre Teixeira, amigo do ex-diretor do BB, ao saber da prisão.

08 de fevereiro de 2014
Juliana Castro, O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário