Juro que a minha intenção não era zombar da estatura mínima de Eike Batista, mas do fato de ele ter poucos seguidores no Twitter
O Brasil tem este nome por causa de uma árvore. Depois do descobrimento, arrancar o pau-brasil do solo pátrio e exportá-lo para a Europa passou a ser a nossa primeira atividade econômica.
Se hoje extraterrestres redescobrissem o Brasil, pela mesma lógica, o país poderia ser rebatizado de Minério de Ferro, Soja ou Carne Bovina. O modelo econômico ainda é o mesmo: exportar commodities a preço de banana.
Tenho 4,9 milhões de seguidores no Twitter. Um deles é o homem mais rico do Brasil. Quer dizer, era.
No último ano, Eike Batista, dono de um império de mineração, perdeu US$ 34 bilhões.
Antes da dinheirama evaporar, Eike e eu tivemos uma discussãozinha na rede social. O então megabilionário não gostou da minha tese sobre as ajudinhas que as empresas dele recebiam do BNDES para manter a nossa sina de exportador de matéria-prima.
Ferido, ele atirou: "Quem é esse Marcelo Tas?". É compreensível Eike ignorar a minha existência. Enquanto ele comanda --ou comandava-- um império de dezenas de bilhões de dólares, eu comando um programinha de humor na televisão.
Ferido, eu respondi: "Pergunte aos meus milhões de seguidores, seu tampinha!".
Juro que a minha intenção não era zombar da estatura mínima do megabilionário, que, como Donald Trump, também usa peruca; mas do fato de ele ter poucos seguidores no Twitter. Em minutos, meu telefone toca. É um assessor dele me convidando para almoçar e fumar um "cachimbo da paz".
Na mesa, somos mais de dez pessoas: engenheiros, economistas, assessores de imprensa... Gentilmente, Eike pede licença para me mostrar um vídeo com o resumo dos planos dele até 2038.
Ao final do audiovisual --com navios e tratores se movimentando sobre o mapa-múndi ao som de música eletrônica barata--, o bilionário aguarda a minha reação com um sorriso vitorioso.
"Eike, onde você vai encontrar engenheiro para tudo isso? Fazer o Brasil crescer sem cuidar da educação é como construir palácios sobre areia movediça."
Ele me devolve a pergunta: "Já pensou em ser político?". "Sim, serei candidato a presidente do Brasil em 2038!", respondo. "Me aceita como tesoureiro?", ele emendou.
A mesa explode numa gargalhada, encerrando o almoço em tom amistoso. Na saída do evento, um assessor do bilionário me confidenciaria ao ouvido.
"Rapaz, você não sai mais da cabeça do Eike. Na semana passada, a caminho de uma reunião importante, em plena Park Avenue, em Nova York, ele se virou para mim e perguntou: "Fala a verdade, você acha que eu sou um tampinha?".
O Brasil tem este nome por causa de uma árvore. Depois do descobrimento, arrancar o pau-brasil do solo pátrio e exportá-lo para a Europa passou a ser a nossa primeira atividade econômica.
Se hoje extraterrestres redescobrissem o Brasil, pela mesma lógica, o país poderia ser rebatizado de Minério de Ferro, Soja ou Carne Bovina. O modelo econômico ainda é o mesmo: exportar commodities a preço de banana.
Tenho 4,9 milhões de seguidores no Twitter. Um deles é o homem mais rico do Brasil. Quer dizer, era.
No último ano, Eike Batista, dono de um império de mineração, perdeu US$ 34 bilhões.
Antes da dinheirama evaporar, Eike e eu tivemos uma discussãozinha na rede social. O então megabilionário não gostou da minha tese sobre as ajudinhas que as empresas dele recebiam do BNDES para manter a nossa sina de exportador de matéria-prima.
Ferido, ele atirou: "Quem é esse Marcelo Tas?". É compreensível Eike ignorar a minha existência. Enquanto ele comanda --ou comandava-- um império de dezenas de bilhões de dólares, eu comando um programinha de humor na televisão.
Ferido, eu respondi: "Pergunte aos meus milhões de seguidores, seu tampinha!".
Juro que a minha intenção não era zombar da estatura mínima do megabilionário, que, como Donald Trump, também usa peruca; mas do fato de ele ter poucos seguidores no Twitter. Em minutos, meu telefone toca. É um assessor dele me convidando para almoçar e fumar um "cachimbo da paz".
Na mesa, somos mais de dez pessoas: engenheiros, economistas, assessores de imprensa... Gentilmente, Eike pede licença para me mostrar um vídeo com o resumo dos planos dele até 2038.
Ao final do audiovisual --com navios e tratores se movimentando sobre o mapa-múndi ao som de música eletrônica barata--, o bilionário aguarda a minha reação com um sorriso vitorioso.
"Eike, onde você vai encontrar engenheiro para tudo isso? Fazer o Brasil crescer sem cuidar da educação é como construir palácios sobre areia movediça."
Ele me devolve a pergunta: "Já pensou em ser político?". "Sim, serei candidato a presidente do Brasil em 2038!", respondo. "Me aceita como tesoureiro?", ele emendou.
A mesa explode numa gargalhada, encerrando o almoço em tom amistoso. Na saída do evento, um assessor do bilionário me confidenciaria ao ouvido.
"Rapaz, você não sai mais da cabeça do Eike. Na semana passada, a caminho de uma reunião importante, em plena Park Avenue, em Nova York, ele se virou para mim e perguntou: "Fala a verdade, você acha que eu sou um tampinha?".
31 de dezembro de 2013
Marcelo Tas, Folha de SP
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