"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A FARRA DOS PARTIDOS INFORMA: QUEM SÓ PROTESTA EM JUNHO LIBERA A TRIBO DOS GATUNOS PARA AGIR SEM MEDO NO RESTO DO ANO

Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?, intrigava-se o presidente francês Charles de Gaulle. Como pode funcionar um governo que tem 39 ministérios?, assombram-se os brasileiros desde que Lula e Dilma resolveram ampliar a multidão de nulidades amontoadas no primeiro escalão. E como pode existir um país com 32 partidos políticos?, espantaram-se nesta terça-feira ao saber que o Tribunal Superior Eleitoral acabara de expedir a certidão de nascimento do PROS e do Solidariedade.

Pelo critério da quantidade, é improvável que algum lugar do mundo tenha mais partidos que o Brasil. Pelo critério da qualidade, qualquer grotão do planeta supera nesse quesito o colosso sul-americano: aqui não existe um único partido de verdade.
O PT pareceu que era antes de sucumbir ao excesso de cinismo. Transformou-se numa seita que tem em Lula seu único deus, faz qualquer negócio para ganhar a eleição e topa a mais sórdida aliança para manter-se no poder. O PSDB teria sido se soubesse o que é coragem e não esquecesse que o papel da oposição é fazer oposição.

O resto nem tentou providenciar carteira de identidade. A leitura dos programas, planos de ação e declarações de princípios aguça a suspeita de que o palavrório foi produzido pelo mesmo redator. Todos moram em algum ponto impreciso entre o centro e a esquerda, vão dar um jeito na saúde e na educação, acabar com a injustiça social e, se o eleitorado lhes conferir um voto de confiança, tranformar o Brasil numa Noruega com praia.  A prática fulmina a teoria.

Os políticos brasileiros reduziram os partidos a fontes de lucros bilionários, balcões de compra e venda de voto, usinas de negociatas, gazuas feitas sob medida para arrombadores de cofres públicos. Segundo Ciro Gomes, o PMDB é um ajuntamento de assaltantes.
Apenas abriga mais ladrões que os outros, igualmente infestados de estupradores da lei. Financiadores involuntários de todas as gastanças, vítimas indefesas de todas as gatunagens, os pagadores de impostos bancam as despesas cotidianas dos partidos e abastecem os cofres sucessivamente assaltados pelos chefões das siglas desprovidas de ideias e vergonha.

Na Alemanha , por exemplo, existem seis partidos, que cuidam da própria subsistência e estão sujeitos à cláusula de barreira: os que não alcançam um número mínimo de votos caem fora do Congresso. Foi o que aconteceu ao FDP nas eleições realizadas há dias.
No País do Carnaval, nenhum partido precisa ter voto para entrar na festa das verbas públicas. Até siglas sem vereadores são sustentados pelos brasileiros regularmente extorquidos pela Receita Federal. Dos seus bolsos saíram os R$ 286 milhões distribuídos pelo Fundo Partidário em 2012. Dali sairão os dotes de R$ 30 milhões reservado ao PROS e ao Solidariedade.

Os lesados que se queixem ao bispo, ou ao Papa Francisco. Assim será até que o rebanho primitivo aprenda a votar com lucidez e o Brasil civilizado descubra que quem só protesta em junho libera a imensa tribo dos gatunos para agir sem medo no resto do ano.

27 de setembro de 2013
Augusto Nunes

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