A única diferença entre Glenn Greenwald e os traficantes internacionais de drogas é que estes fazem mal apenas aos viciados, enquanto o jornalista está causando mal a um país inteiro. Há brasileiros que estão presos em outros países por tráfico de drogas; exceto os foram condenados à morte e executados.
Aqui, em nossa amada (?) Republiqueta de Bananas Podres, a mídia noticiou semana passada que a Rede Sustentabilidade – partido da dona Maria Osmarina da Silva, vulgar e politicamente conhecida como Marina Silva – entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para impedir qualquer investigação sobre Glenn Greenwald.
BLINDAGEM – Notem bem: impedir qualquer ação sobre o cônjuge (marido ou esposa, pois já foram divulgadas as duas situações civis) do suplente David Miranda, aquele que ocupou a vaga do deputado federal eleito Jean Wyllys, do Psol-RJ, que renunciou ao mandato em situação agora qualificada pela mídia como “inusitada” e merecedora de investigação, já requerida à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal pelo deputado José Medeiros (Podemos-MT).
Neste pedido ao Suprelo, o partido (Rede) argumenta que o hackeamento de celulares de autoridades não justifica apuração sobre a conduta do jornalista, inclusive por meio do Coaf, e que a Polícia Federal não pode ser instrumentalizada “para fins de revanchismo” contra quem divulgou as mensagens.
REVANCHISMO – Pergunto: apurar a verdade sobre fatos graves é “revanchismo”? Desde quando agentes e órgãos exercerem suas atividades fins podem ser considerados atos de “revanchismo”?
Notem bem: o Rede defende a estranha posição de que “o hackeamento de celulares de autoridades não justifica apuração sobre a conduta do jornalista”. Em português claro: a privacidade de um ministro de Estado brasileiro pode ser invadida por qualquer marginal corrupto, mas a vida do marginal corrupto não pode ser investigada pelo Estado brasileiro. É isso aí, donos do Rede.
E tem mais: na ação o Rede Sustentabilidade (no caso, incluindo a sustentação da impunidade de notório corrupto) está incluído um pedido de decisão liminar, que poderá ser concedida pelo sapientíssimo Dias Toffoli durante o recesso do Judiciário. Se isso não ocorrer, também poderá ser concedido pelo relator do processo, que assume o caso em agosto, o não menos sapiente e popular ministro Gilmar Mendes.
HOMOFOBIA – No dia 13 de junho passado o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser considerada crime. Os protagonistas dos fatos, com declarações públicas, têm demonstrado, à saciedade, seus enquadramentos no que diz respeito à orientação sexual e identidade de gênero, portanto, adquiriram o status de blindados.
Hoje, devido à cronologia dos fatos consumados e de conhecimento público, muitas pessoas estão pensando – acho que erroneamente – que essa decisão talvez tenha sido tomada para proteger Glenn Greenwald e seus comparsas, pois o site de notícias The Intercept Brasil divulgou trechos de mensagens atribuídas ao atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e a membros da força-tarefa da Lava Jato no dia 9 de junho – uma semana antes da decisão do STF.
Situação curiosa; enfim, aguardemos, pois o tempo é o senhor da razão e a verdade é filha do tempo – até em nossa amada Republiqueta de Bananas Podres.
15 de julho de 2019
Celso Serra
15 de julho de 2019
Celso Serra
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