"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de maio de 2018

PARA HISTORIADORES, A CIA COMPROVA QUE NÃO HOUVE UMA DITADURA "BRANDA"


Geisel e Figueiredo estavam diretamente envolvidos
 A revelação dos documentos da CIA sobre a atuação de Ernesto Geisel mostra que tortura e execuções de opositores eram práticas comuns a todos os presidentes da ditadura militar e que não existiu um general mais brando, avaliam historiadores ouvidos pelo Globo.
O memorando da CIA, revelado nesta quinta-feira, sugere que o ex-presidente Geisel soube e autorizou a execução de opositores ao regime militar. Para estudiosos, o assunto já havia sido tratado em livros e na Comissão da Verdade, mas agora há uma confirmação de uma fonte exterior.
PROVA IRREFUTÁVEL – Para o historiador Luiz Antonio Dias, do departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o documento é uma prova irrefutável de que Geisel, apontado como um presidente militar mais moderado, sabia e autorizava o que ocorria nos porões do regime.
— Nunca houve uma “ditabranda” — afirma Dias, acrescentando que a revelação do memorando da CIA não surpreende quem, como ele, pesquisa o período. Dias ressalta ainda que documentos da Comissão da Verdade já davam indícios de que tortura e mortes não eram atos isolados.
— Talvez (os presidentes) não soubessem tantos detalhes, mas concordavam no sentido de que o processo de expurgo (de adversários de regime) deveria continuar — analisa o historiador.
ELIO GASPARI – Para o historiador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Aarão Reis, o documento fortalece o relato que o jornalista Elio Gaspari já havia escrito numa coleção de cinco livros sobre o golpe de 1964 e os desdobramentos do regime militar.
— O documento tem valor histórico porque corrobora um fato que já estava estabelecido. Eu vejo mais como uma confirmação do que o Gaspari já havia escrito ao contar que o Geisel não apenas sabia das execuções, mas também queria que passassem pelo Planalto. A irritação dele (Geisel) era mais nos casos em que se matou sem a autorização.
Reis também lembra que o assunto já havia sido levantado na Comissão da Verdade: 
— A Comissão da Verdade, mesmo não tendo acesso a toda essa documentação, já havia estabelecido que a tortura e as execuções eram prática do regime.

12 de maio de 2018
Gustavo Schmitt e Jussara Soares
O Globo

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