"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

IMPUNIDADE DO SENADOR IVO CASSOL REVELA A ABSURDA INOPERÂNCIA DO SUPREMO


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Não vejo futuro para essa pobre nação espoliada enquanto tivermos essa desclassificada e desqualificada classe política que aí está na União Federal, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios. Todos os dias os noticiários brasileiros só nos trazem meliantes arrombando os cofres públicos. Parei ainda a pouco para pensar sobre o que fazer para deixar um futuro melhor para a minha filha, como venho tentando nos últimos dois anos e, como sempre, o desânimo, a desesperança invadiram meu espírito.
Como aceitamos que um senador da República, condenado pelo Supremo Tribunal Federal, possa sabatinar alguém escolhido para ser ministro da mais alta Corte de Justiça, que, investido do cargo, analisará um recurso desse senador já condenado pelo STF? Estou falando do senador Ivo Cassol (PP-RO) condenado no Supremo desde agosto de 2013 por irregularidades em licitações, esse meliante se mantém em liberdade e no mandato graças à morosidade da Corte Suprema (e bota suprema nisso!) para julgar seu último recurso.
Investigado em quatro inquéritos no STF e réu em outras três ações penais, este senador  – por absurdo que só se vislumbra nesta republiqueta – participará da votação do sucessor de Teori Albino Zavascki que analisava o seu caso, esse senador está longe de ir para cadeia.
LIVRE, LEVE E SOLTO – Enfim, três anos e cinco meses após sua condenação na Ação Penal 565, esse parlamentar permanece livre, leve e solto e, sobretudo, atuante no Senado Federal. Foi condenado pela mais alta Corte de Justiça do país em 2013, a 4 anos, 8 meses e 26 dias em regime semiaberto, por fraude em licitações no período em que era prefeito de Rolim de Moura (RO), entre 1998 e 2002. Esse senador também foi multado em pouco mais de R$ 200 mil e a sua condenação ocorreu uma semana antes de o caso prescrever.
A despeito da condenação, esse senador opôs embargos de declaração, e permanece em liberdade, embora o procurador-geral da República Rodrigo Janot já tenha pedido ao Supremo Tribunal Federal que determine o imediato cumprimento da sentença.
ABSURDO TOTAL – Para comprovar essa consagração do absurdo, desde 2011 esse senador Ivo Cassol já participou da sabatinação de cinco ministros do STF: Luiz Fux, em fevereiro de 2011; Rosa Weber, em dezembro de 2011; Teori Albino Zavascki, em outubro de 2012; Luís Roberto Barroso, em junho de 2013; e Edson Fachin, em maio de 2015, sendo que ao participar da sabatina desse último ministro já estava condenado pelo próprio Supremo Tribunal Federal.
Por derradeiro, exercendo seu mandato, esse senador também participou de decisões importantes como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016, quando votou a favor da cassação. Afirmou ele naquela ocasião, em discurso no plenário: “Na vida privada de uma pessoa, de um comerciante ou de um político, tem algo que jamais se pode perder, que se chama credibilidade”.
Como se vê, o Brasil é mesmo o país da consagração dos absurdos. Por isso, estou desanimado, cansado, sem esperanças de dias melhores.

27 de janeioro de 2017
João Amaury Belem

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