"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 29 de janeiro de 2017

DELAÇÃO DE SÉRGIO CABRAL SÓ SERÁ ACEITA SE INCRIMINAR POLÍTICOS MUITO IMPORTANTES


Charge de Heitor para o Jornal 1ª Linha
Charge do Heitor, reproduzida da Charge Online
A ordem de prisão preventiva contra o empresário Eike Batista aumentou o desespero de Sergio Cabral e de sua mulher Adriana Ancelmo. E não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, as redações dos jornais começaram a receber insistentes informações de que o casal 171 da corrupção nacional estaria disposto a fazer um acordo de delação premiada. A justificativa é de que Cabral e Adriana, após dois meses e meio na prisão, não aguentam mais.
MUITA GENTE ASSUSTADA – Essas notícias se espalharam pela mídia, assustando um número enorme de políticos importantes, como a família Picciani, o governador Luiz Fernando Pezão, os ex-secretários estaduais Sérgio Cortes (Saúde) e José Mariano Beltrame (Segurança), entre outros, sem falar no ex-prefeito carioca Eduardo Paes e em muitas cabeças coroadas de Brasília.
Todos esses peixes graúdos sabem que serão alcançados pela Lava Jato, é só uma questão de tempo, mas sonham em adiar ao máximo a chegada dos federais. A possível delação de Cabral abreviaria a ação da Lava Jato, eles seriam apanhados com maior facilidade. Mas ainda não há perigo iminente, porque essas notícias sobre a possibilidade de o ex-governador estar perto de fazer um acordo ainda não têm consistência, é tudo conversa fiada.
NÃO HÁ INTERESSE – Na verdade, o que desespera Cabral é que, até agora, a Polícia Federal e a Procuradoria da República não tomaram a menor iniciativa de sugerir que ele faça delação premiada. Pelo contrário, é um desprezo total. Ele achava que logo seria procurado, contava com isso. Iria delatar todo mundo e cumprir uma pequena pena domiciliar, como acontece com os delatores Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, Sérgio Machado, Ricardo Pessoa e Otávio Azevedo, entre outros, e depois poderia aproveitar o resto da vida com os milhões de dólares que ainda não foram bloqueados. Era o que Cabral pensava, mas não foi o que ocorreu.
A delação premiada segue o diz a Bíblia, na parábola do Evangelho de Mateus: “Porque muitos são chamados, mas poucos os escolhidos“.  Na Lava Jato, os primeiros a delatar só foram privilegiados porque abriram o caminho para demolir o esquema de corrupção. De lá para cá, ficou cada vez mais difícil fazer acordo com a força-tarefa.
UM SISTEMA SIMPLES – A mecânica da delação premiada foi definida com total clareza pelo juiz Sérgio Moro, em seu livro “Lavagem de Dinheiro”, que Cabral não teve curiosidade de ler:“Faz-se um acordo com um criminoso pequeno para obter prova contra o grande criminoso ou com um grande criminoso para lograr prova contra vários outros grandes criminosos”. Como se vê, é um método simples e eficaz.
Isso significa que Cabral só terá direito à delação se entregar peixes muito graúdos, maiores do que ele. A força-tarefa não tem o menor interesse numa delação em que o ex-governador denuncie apenas seus ex-subordinados e políticos de menor expressão. “Não se vislumbra interesse da Justiça na realização de acordo de colaboração com chefe de grupo criminoso organizado, mesmo que este se disponha a identificar todos os seus comandados”, já esclareceu o juiz Moro, mas parece que Cabral não entendeu o espírito da coisa.
NOTÍCIAS PLANTADAS – O fato concreto é que o ex-governo só tem mostrado competência em desviar recursos públicos. Na vida real, comporta-se como um perfeito trapalhão, capaz até de mandar difundir a informação de que a delação premiada começará com sua mulher, Adriana Ancelmo. Isso é uma maluquice total. A força-tarefa não tem o menor interesse em ouvi-la, até porque ela não sabe de nada, é apenas uma dondoca deslumbrada, que o marido usou para fazer lavagem de dinheiro e acabou entrando como cúmplice e integrante de quadrilha.
Os advogados e amigos de Cabral espalham também  que ele poderia fazer delação para dar detalhes sobre os crimes cometidos por Eike Batista, mas a força-tarefa não tem o menor interesse nisso.
Os delegados federais e os procuradores sabem que vai acontecer exatamente o contrário. Quando Eike se entregar, vai delatar todo o esquema de corrupção de que participou, não somente no Rio de Janeiro, mas a nível nacional. com apoio dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Roussef, que fizeram o economista Luciano Coutinho transformar o IBGE num braço político, em benefício dos empreiteiros que se ligaram aos governos do PT.  E o resto é folclore.

29 de janeiro de 2017
Carlos Newton

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