"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 22 de outubro de 2016

NO DESESPERO, NÚCLEO DURO DO GOVERNO PROÍBE DECLARAÇÕES SOBRE CUNHA

Charge do Ricardo Tigre (Arquivo Google)



A prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) causou apreensão entre auxiliares e assessores do Palácio do Planalto, para os quais o episódio aumenta o risco do peemedebista fazer um acordo de delação premiada para deixar a cadeia. Com a preocupação de uma retaliação de Cunha, a ordem no Palácio do Planalto é para que ministros evitem fazer comentários ou declarações públicas sobre a prisão do peemedebista.


A avaliação no governo federal, antes da prisão realizada nesta quarta-feira (19), era que a chance de um acordo com o Ministério Público e a Justiça Federal era pequena. Com o despacho do juiz Sergio Moro, contudo, o diagnóstico é que o quadro mudou e a possibilidade tornou-se real.

PROXIMIDADE – O entorno de Michel Temer não acredita que o peemedebista tenha elementos para comprometer o presidente em uma eventual delação premiada, mas demonstra receio com a relação de proximidade do ex-presidente da Câmara dos Deputados com o núcleo duro do Palácio do Planalto.

Nas palavras de um auxiliar presidencial, o que preocupa é o fato de “Eduardo Cunha ser incontrolável” e ter feito críticas públicas nas últimas semanas ao secretário-executivo Moreira Franco, um dos aliados mais próximos de Temer. A avaliação é que, caso Cunha aceite fazer a delação premiada, Moreira deve ser o primeiro alvo do peemedebista. Em conversas reservadas, quando anunciou a intenção de escrever um livro, Cunha já havia antecipado que revelaria informações envolvendo o secretário-executivo.

ALIADOS TEMEM… – A avaliação do aumento do risco de um acordo de delação premiada também é compartilhada por deputados federais aliados do ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Segundo eles, Cunha foi pego de surpresa com a prisão. Em conversas por telefone, ele achava que ela demoraria mais tempo, uma vez que ele foi notificado para apresentar sua defesa na semana passada.

A prisão e a busca foram autorizadas pelo juiz federal Sergio Moro nesta terça-feira (18), que passou a tratar do caso do ex-parlamentar depois que ele perdeu o foro privilegiado com a cassação de seu mandato. Moro pediu a prisão do ex-deputado afirmando que sua liberdade representava risco “à instrução do processo, à ordem pública, como também a possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior, além da dupla nacionalidade (Cunha é italiano e brasileiro)”, afirma em nota a Justiça Federal do Paraná.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – No Planalto, o primeiro-ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o assessor de imprensa Márcio Freitas Gomes tentam passar impressão de que não acreditam que o peemedebista tenha elementos para comprometer o presidente em uma eventual delação premiada, mas o clima é justamente o contrário. Cunha detém informações capazes de destruir o chamado núcleo duro do governo e o próprio presidente Temer. O Planalto entrou em situação de pânico, esta é a realidade, daqui a pouco voltaremos ao assunto.(C.N.)



22 de outubro de 2016
Gustavo Uribe, Débora Álvares e Valdo Cruz
Folha

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