"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

CUSTO BRASIL: ESQUEMA DE CORRUPÇÃO GEROU BRIGAS INTERNAS POR PROPINAS

OPERAÇÃO CUSTO BRASIL PRENDEU O EX-MINISTRO PAULO BERNARDO

MPF RESGATOU E-MAILS QUE INDICAM 'DISCUSSÕES ACALORADAS' SOBRE DIVISÃO DE PORCENTUAIS NO ESQUEMA CRIMINOSO (FOTO: ELZA FIUZA/ABR)


A Operação Custo Brasil identificou uma intensa ‘disputa por propinas’ no esquema dos empréstimos consignados que levou à prisão o ex-ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão Paulo Bernardo nesta quinta-feira, 23.

A descoberta sobre os entreveros pelo dinheiro ilícito ocorreu por meio do acesso a e-mails de investigados da Custo Brasil – operação que desvendou esquema da empresa Consist, contratada por entidades com acordos firmados com o Ministério do Planejamento, em 2010, na gestão Paulo Bernardo.

A Consist iria gerenciar e controlar créditos de consignados a milhares de servidores públicos, mas a Custo Brasil descobriu que a empresa repassava 70% de seu faturamento para ‘parceiros’ indicados supostamente pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto – preso na Lava Jato.

“Havia disputas internas pela propina, havia uma briga, um querendo que a parte do outro diminuísse”, revelou o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, do Ministério Público Federal, que integra a força-tarefa da Custo Brasil.

“Às vezes havia até discussões acaloradas entre eles (investigados)”, destacou o procurador. “Pelos e-mails se verifica uma certa insatisfação de determinados parceiros que vinham perdendo porcentual para outros.”

Pelo menos R$ 100 milhões teriam sido desviados. Uma parte, em valores ainda não apurados, foi parar na conta do PT, segundo a investigação. “Tinha um porcentual destinado ao PT pelo sr. Vaccari.”

O ex-tesoureiro também teria indicado três empresas de fachada para receber parte dos recursos desviados dos consignados. “Essas empresas sequer existiam fisicamente”, atesta o delegado Rodrigo de Campos Costa, da Delegacia de Combate a Investigação contra o Crime Organizado.

“A partir da análise do material apreendido vamos estabelecer efetivamente esses valores”, destacou o delegado. “Quem definia os porcentuais a serem pagos era Vaccari. Pelo teor das colaborações e dos emails, das provas que analisamos, ele (Vaccari) era a pessoa que definia os valores.”

Os alvos da Custo Brasil se tratavam por ‘parceiros’. “É importante dizer que parceiros eram na verdade um eufemismo, eles queriam dizer operadores. Eles se intitulavam parceiros, mas na verdade eram operadores que foram se alternando ao longo do tempo, e os porcentuais foram se alterando ao longo do tempo”, disse o procurador Andrey Borges de Mendonça. (AE)



24 de junho de 2016
diário do poder

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