"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

AS MÁSCARAS CONTINUAM CAINDO

Muita gente ainda não sabe, mas cerca de 30% dos senadores e dos deputados federais respondem a acusações criminosas no Supremo Tribunal Federal (STF). 
Tudo bem, acusação não é sentença. Mas que boa parte dessa turma deve ter alguma culpa no cartório, isso tem. 
Pois é. E esse pessoal ainda teve a cara de pau de recentemente clamar no Congresso pelo fim da corrupção e pela decência. Haja óleo de peroba! Confira abaixo o artigo de Bernardo Mello Franco, publicado no jornal Folha de S.Paulo de ontem, que nos lembra de duas passagens cínicas e hipócritas no dia de votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados.

Em nome do pai
Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo

O impeachment já vencia de lavada quando o presidente da Câmara chamou o 371º deputado ao púlpito de votação. Embrulhado numa bandeira do Brasil, o tucano Caio Nárcio se postou em silêncio diante do microfone. Num gesto teatral, ergueu o pavilhão acima da cabeça, deixou que o pano deslizasse pelos ombros e começou a discursar.

“Por um Brasil onde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não era possibilidade, era obrigação. Por um Brasil onde os brasileiros tenham decência e honestidade”, disse, com ar compungido.

O deputado mineiro voltou a silenciar, como se meditasse sobre o momento grave da República. Olhou para os lados, respirou fundo e elevou a voz. “Por Minas, pelo Brasil, para os jovens que estão lá fora nas ruas. Verás que um filho teu não foge à luta! Siiiiiiiiiim!”, concluiu, com um berro.

Nesta segunda (30), o país voltou a ouvir falar na decência e na honestidade do pai de Caio. Ex-presidente do PSDB mineiro, Nárcio Rodrigues foi preso sob suspeita de corrupção. Ele é acusado de cobrar R$ 1,5 milhão em propina quando era secretário do governo Anastasia. O tucano é aliado do senador Aécio Neves, que já o definiu como “um dos mais completos homens públicos do seu tempo”.

A história dos Nárcio não chega a ser uma novidade. Eleita pelo PSD mineiro, a deputada Raquel Muniz dedicou outro “sim” exaltado ao marido, prefeito de Montes Claros. “Meu voto (...) é para dizer que o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós”, discursou. No dia seguinte, o homenageado foi preso pela Polícia Federal, acusado de desviar verbas da saúde.*

Em março de 2015, o senador Aloysio Nunes surpreendeu eleitores ao se dizer contrário ao impeachment. “Não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer”, justificou, com ar de quem sabia mais do que falava. Nesta terça (31), o tucano foi apresentado como líder do governo Temer.

02 de junho de 2016
in notícias do paulcéia

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