"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

EM GRAVAÇÃO DE DELATOR, MINISTRO DA TRANSPARÊNCIA FALA MAL DA LAVA JATO

EM GRAVAÇÃO, MINISTRO DA TRANSPARÊNCIA CRITICA INVESTIGAÇÃO


Novas gravações mostram conversas durante reunião na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com a participação do atual ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, quando ele ainda era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 

A conversa, divulgada pelo programa "Fantástico", da Globo, neste domingo, foi gravada pelo ex-senador Sérgio Machado, que presidiu a estatal Tranpetro por quase 12 anos, por indicação de Calheiros.

Machado afirma que na conversa Fabiano Silveira fez críticas à condução da Lava Jato pela Procuradoria Geral da República e dá conselhos a investigados na operação. 
O ministro foi indicado por Calheiros para o cargo de conselheiro do CNJ. A gravação ocorreu cerca de três meses antes de Fabiano assumir o cargo.
Sérgio Machado contou aos procuradores que no dia 24 de fevereiro foi à casa de Calheiros para conversar, entre outras coisas, sobre, abres "as providências e ações que ele estava pensando acerca da operação Lava Jato”, e afirma que participaram dessa conversa duas pessoas que ele disse serem "advogados de Renan". 
Um deles, segundo Machado, se chama Bruno. Trata-se de Bruno Mendes, advogado e ex-assessor de Renan. O outro era Fabiano.

FABIANO SILVEIRA, MINISTRO DA TRANSPARÊNCIA.

Pelas gravações, é possível entender que Fabiano orienta Renan e Sérgio Machado sobre como se comportar em relação à Procuradoria Geral da República. 
A qualidade do áudio é ruim, há varias pessoas na sala, mas é possível identificar as vozes de Machado, Renan Calheiros, Fabiano e Bruno Mendes.

A acusação de Paulo Roberto Costa

Na gravação, a certa altura, Sérgio Machado lê alto um depoimento do ex-diretor da Petrobras e delator da Lava Jato Paulo Roberto Costa. Eles ouvem as acusações e os argumentos de defesa de Machado, que se dirige a Fabiano e diz que as explicações que tem são “contundentes”. Bruno critica a cobertura da imprensa.

MACHADO
: Esse foi o motivo, Fabiano... (inaudível). As explicações que estão aí, você vê que são todas contundentes.

BRUNO
: Tudo que eles falam, p****, a imprensa só dá... Rapaz, você acredita que os caras tinham a cara de pau de dizer no noticiário que o (inaudível) ia ser julgado? (inaudível)

Em seguida, Fabiano faz um comentário sobre a situação de Sérgio Machado e diz que ele deve procurar o relator da medida cautelar para prestar esclarecimentos.

FABIANO: Eu concordo com a sua condição de, tendo sido objeto de uma medida cautelar, simplesmente, não... Dizer assim: 'olha, não é comigo isso...' acho que tem que dizer, tem que se dirigir ao relator prestando alguns esclarecimentos, é verdade.

MACHADO
: Sobretudo Fabiano... Não tem nada.

BRUNO: Nós não temos um movimento pra fazer agora.

Renan preocupado

Renan Calheiros diz a Fabiano que está preocupado com um dos inquéritos a que responde no Supremo, o que investiga se o presidente do Senado e Sérgio Machado, entre outros, receberam propina – em forma de doações eleitorais – para facilitar a vitória de um consórcio de empresas em uma licitação para renovar a frota da Transpetro.

Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef citaram o negócio em depoimento. A campanha de Renan teria sido contemplada com duas doações no valor total de R$ 400 mil.

Na gravação, Renan diz a Fabiano, sem entrar em detalhes, que está preocupado com um recibo. Machado diz que ele foi incluído em um processo de R$ 800 mil. 
Uma voz que não é possível identificar pergunta se foi Youssef quem disse que o dinheiro foi pra Renan. Machado diz que não.

RENAN: Cuidado, Fabiano! Esse negócio do recibo... Isso me preocupa pra c******. (...)

MACHADO: Eles me botaram num processo lá de 800 mil que o Youssef tinha dito que era pra... (inaudível) estaleiro. Que eles estão de acordo se tem certeza que era pra você (inaudível).
(voz não identificada): Yousseff disse?

MACHADO: Não. Da conclusão eles entendem que... (inaudível)

Aconselhamento
A conversa mostra Fabiano aconselhando Renan dizendo que, aparentemente, ele não deve entregar uma versão dos fatos, pois isso daria à Procuradoria condições de rebater detalhes da defesa.

FABIANO: A única ressalva que eu faria é a seguinte: está entregando já a sua versão pros caras da... PGR, né. Entendeu? Presidente, porque tem uns detalhes aqui que eles... (inaudível) Eles não terão condição, mas quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes que colocou. (inaudível)

Críticas à PGR

Fabiano chega a fazer críticas à condução da investigação pela Procuradoria e diz que Janot e os procuradores estão perdidos.

MACHADO: Diz que o... Janot não sabe nada. O Janot só faz... (inaudível) cada processo tem um procurador.

FABIANO: Eles estão perdidos nesta questão.
(...)

MACHADO: A última informação que vocês têm, não tem nada, não apuraram nada até hoje, é isso?

FABIANO: não.

(voz não identificada): É a última informação, né? (inaudível). Eles, desde o início, Sérgio, eles estão jogando verde para colher maduro. O cara fala: 'eu não conheço o Renan'... (inaudível).

FABIANO
: Eles foram lá buscar o limão e saiu uma limonada.

Conversa com Janot
Em outra conversa, em 11 de março, sem a presença de Fabiano, Renan e Sérgio Machado comentam a atuação do atual ministro da Transparência, Ficalização e Controle, que teria ido falar com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, depois da reunião que tiveram em 24 de fevereiro.

O “Fantástico” apurou que Fabiano procurou diversas vezes integrantes da força-tarefa da Lava Jato para tentar obter informações de inquéritos contra Renan. E saía de lá com informações evasivas, que eram comemoradas por Renan. Nesta conversa, Renan disse que alguém na Procuradoria nada tinha achado contra ele e que tinha classificado o presidente do Senado de “gênio”.

RENAN
: Ele disse ao Fabiano: 'Ó, o Renan... Se o Senan tiver feito alguma coisa que eu não sei... Mas esse cara, p****, é um gênio, usou essa expressão. 'Porque nós não achamos nada'.

MACHADO
: Já procuraram tudo.

RENAN: Tudo.



30 de maio de 2016
diário do poder

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