"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

DELCÍDIO RELATA COMO ERA O RELACIONAMENTO DE RENAN COM SÉRGIO MACHADO



Sergio Machado era prioridade de Renan, diz Delcídio



















Ex-líder do governo no Senado, o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) disse em entrevista à GloboNews que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado era “prioridade absoluta’’ do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na residência oficial do peemedebista. Delcídio relatou episódios em que o presidente do Senado suspendia reuniões com outras pessoas para atender Machado. Delcídio teve o mandato cassado no último dia 10. Ele foi preso em novembro de 2015 por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da operação Lava Jato e deixou a prisão em fevereiro deste ano. Desde então, ele é mantido em recolhimento domiciliar.
A cassação de Delcídio ocorreu após parlamentares descobrirem que ele havia firmado acordo de delação premiada. Na colaboração, ele fez revelações envolvendo diversos ex-colegas de parlamento, como o próprio Renan, o que irritou os senadores. Delcídio atribui a rapidez de sua cassação, antes da votação no Senado do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a uma “vingança’’ do presidente da Casa.
LIVRE ACESSO
Delcídio, como senador, era um dos principais parlamentares do Congresso. Ele tinha livre acesso a deputados e senadores de diversos partidos, e atuava como líder do governo de Dilma Rousseff. Como líder, frequentava o Palácio do Planalto, da Alvorada e também a residência oficial do Senado.
Segundo o parlamentar cassado, as reuniões de Renan com Machado, que também fechou acordo de delação premiada, na residência oficial “eram frequentes’’. Ele diz que a dupla formava um “esquemão fidelizado”. De acordo com Delcídio, Sérgio era “blindado pelo Renan”. “Ninguém encostava nele. Sérgio era totalmente fidelizado a Renan’’, disse. “Sérgio era o cara que fazia a interlocução com os donos das empresas, e outros operavam financeiramente para Renan”, completou.
Para manter o que chamou de “hegemonia”, segundo Delcídio, Renan usava o ex-presidente da Transpetro para atender outros parlamentares da cúpula do PMDB no Senado, como Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RR), José Sarney (AP) e Edison Lobão (MA).
Como ex-líder do governo e com trânsito com todos os senadores, o senhor tinha acesso livre à residência oficial do Senado e na presidência. Sérgio Machado frequentava a residência oficial? O senhor já testemunhou a presença dele com Renan? 
Eu estive. Mas o Renan blindava demais o Sérgio. O Sérgio era uma pessoa que ninguém encostava nele. E ele também fazia questão de não dar nenhuma ousadia para ninguém. Ou seja, Sérgio era fidelizado a Renan. Para você ter uma ideia, eu estava conversando com Renan, na residência oficial, o Sérgio chegava, e o Renan suspendia a reunião e atendia Sérgio numa saleta que tinha na entrada na casa. Ele nem esperava. Era despacho rápido, eles conversavam, e o Sérgio ia embora. Não dava nenhuma oportunidade de o Sérgio se integrar ou conversar ou ficar junto com o pessoal.
O senhor está falando de que período?
Mais recentemente, no ano passado, até quando o Sérgio saiu da Transpetro (fevereiro de 2015) isso era frequente. Eu mesmo estive em algumas situações em que o Sérgio chegou lá, Renan o recebia e a gente ficava ali esperando até ele ir embora.
Sérgio era prioridade absoluta de Renan, então?
Absoluta. Ele era o único cara que Renan tinha ascendência direta.
E do que eles tratavam?
Eu não presenciei, mas normalmente eram as operações da Transpetro. Todo mundo sabia. Sérgio era o cara que fazia a interlocução com os donos das empresas e outros operavam financeiramente para Renan.
Quem?
Eu prefiro não falar agora, ainda.
E o senhor tinha relação com Sérgio?
Falava [com Machado] porque ele foi do PSDB, eu também. Eu tinha relação com ele desta época, tinha um aproximação natural com ele. Então, falava com ele e tal, mas eu nunca vi um esquema tão fidelizado de uma indicação política com alguém que indica como essa relação de Renan com Sérgio. E olha que eu conheço muita gente, é impressionante.
O que o senhor quer dizer com fidelizado?
Fidelizar é o seguinte: é um esquemão mesmo. Uma operação restrita, onde eles tinham controle absoluto e agiram com muita competência. Porque ninguém fica mais de dez anos na Transpetro.
Então, na avaliação do senhor, Machado pode detalhar outras operações envolvendo a cúpula do Senado?
Essas conversas que foram divulgadas, isso é ‘peanuts’ perto do que vem, Sérgio tinha todo controle. É um perigo, por isso o povo está apavorado: ele sabia de tudo. Ele era o cara do Renan, e o Renan, para garantir a hegemonia, através do Sérgio, atendia outros senadores do núcleo do PMDB que sempre comandou o Senado.
(entrevista enviada pelo comentarista Moacir Pimentel)

30 de maio de 2016
Andrea Sadi
Do G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário