"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 20 de março de 2016

A HORA DO ARREPENDIMENTO


Supondo-se que até o final da semana venha a ser resolvida essa ridícula questão da posse do ex-presidente Lula na chefia da Casa Civil da presidente Dilma, passa-se ao principal: para que o antecessor foi convocado? Para inaugurar um novo governo, entrando no palácio do Planalto com plano de ação e até uma listinha de novos ministros? Não como capitão de time, mas marechal do exército atualmente em retirada?

Ou subordinado fiel e obediente cumpridor das ordens da comandante? Quanto baterem de frente, pois nessas situações são mais do que naturais as divergências, para que lado marchará a tropa?

Há quem conclua por antecipação que Madame incorreu em grave erro ao convocar o antecessor para o seu time. Serão dois anos e oito meses de tensões permanentes, situação demonstrativa da conclusão de que o PT ia perdendo a guerra. As manifestações de domingo passado não deixam dúvidas sobre terem sido bem superiores às da recente sexta-feira.

Acontecerá o que, caso batam de frente Dilma e Lula? Não se duvida da hipótese de que alguns ministros venham a insurgir-se contra orientações do novo chefe da Casa Civil? A quem Madame dará preferência?

Lula enfrentará outro tipo de problemas. A família abrirá mão de confortável residência em São Paulo, mesmo sem características de triplex, ou de um sítio próximo e ameno, para vir morar no cerrado? Mesmo com mansões a seu dispor, hesitará em trazer para Brasília toda a tralha levada para a Paulicéia. Ficar na ponte aérea equivalerá a um retrocesso, mas morar separado da mulher e dos filhos, pior ainda.

Como será cuidado o Instituto Lula? Paulo Okamoto ficará lá ou aqui? Admite-se um chefe da Casa Civil afastado da sede do governo? E durante as sucessivas viagens pelo país,quem ocupará as instalações presidenciais? Claro que Dilma, mas o constrangimento estará presente todos os dias.

Sempre que o Lula receber convites para palestras no exterior, em que condição será recebido pelas autoridades lá de fora? Ex-presidente da República ou chefe da Casa Civil? Em que conta bancária será depositado seu cachê?

Para cada lado que o ex-presidente se volte encontrará problemas. Será que nos momentos de reflexão não lhe passará pela cabeça concluir haver praticado uma imensa besteira?



20 de março de 2016
Carlos Chagas

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