"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

LULA NO LUGAR DE MERCADANTE PODE SER A SALVAÇÃO DE DILMA


O Globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, os três maiores jornais do país, nas edições de quarta-feira, apontam mais um desastre político para a presidente Dilma Rousseff, praticamente antecipando a rejeição do projeto de emenda constitucional para reimplantar a CPMF, que divide até as bancadas do PT no Congresso. O mesmo acontece com o PMDB.

O PSDB já anunciou que, se a mensagem for efetivamente enviada, votará contra. 
Não há, portanto, a menor possibilidade de a presidente da República obter a maioria constitucional de dois terços indispensáveis para aprová-la. Isso sem falar na resistência que certamente se levantará contra o congelamento parcial dos vencimentos do funcionalismo público civil e militar.

A rejeição à volta da CPMF é tão forte que, talvez, Dilma Rousseff recue novamente, depois do primeiro recuo, e desista de propor a medida. Afinal de contas, é menos ruim retroceder da intenção do que tê-la rejeitada maciçamente pelo Poder Legislativo.

A CRISE SE APROFUNDA

Num artigo muito bom, também terça-feira, no Estado de São Paulo, Eliane Cantanhêde considera a reforma administrativa também colocada pela presidente da República como seu último lance na busca de um reequilíbrio à frente do governo. 
O artigo é muito bom, mas qual será essa reforma?

Júnia Gama e Simone Iglésias a focalizam no Globo, também de anteontem. Não parece suficiente convocar Ricardo Berzoini e Gilles Azevedo para a coordenação política no lugar de Aloísio Mercadante, que, assim, permaneceria no posto que ocupa atualmente. 
Não influirá em coisa alguma a troca. 
Berzoini, inclusive, desperta reações contrárias de parte da imprensa, pelo seu projeto de regulação da mídia, que não foi em frente, logo barrado pela própria Dilma.

AFUNDANDO AINDA MAIS

Tal reforma, portanto, não salvaria nada. Pelo contrário. A afundaria ainda mais o Planalto no mar das contradições em que se encontra submerso. Na verdade, agora, só resta um caminho político capaz de redirecionar as atenções, pelo impacto na opinião pública, e com isso aliviar a pressão que se generalizou contra o atual governo, reflexo da sequência de erros cometidos, da falta de sintonia entre o discurso da candidata na campanha e suas ações na Presidência, em meio à gigantesca corrupção que assaltou a Petrobrás.
O lance é substituir Aloizio Mercadante pelo próprio Lula na Casa Civil do Planalto. Lula assumiria o cargo de primeiro-ministro e, com isso, desviaria as pressões contra Dilma.

PARLAMENTARISMO

Estaria reimplantando um parlamentarismo de fato e o governo encontraria algum tempo para respirar. Dilma Rousseff deixaria o eixo do poder, mas ganharia fôlego, mesmo que temporário, para respirar e livrar-se da ansiedade que certamente a aprisiona dentro de si mesma e das articulações nos bastidores do Alvorada.
Não estou querendo dizer que tal lance seria uma saída. Nada disso. Estou dizendo que, na minha opinião, é o único e possivelmente último roteiro de que dispõe para permanecer no governo.

ÚLTIMA CARTADA

Isso, apesar de Lula encontrar-se sob investigação do Ministério Público em face de suas repetidas viagens ao exterior em companhia de dirigentes da Odebrecht.
Volto a sublinhar: não estou defendendo tal lampejo, tal iniciativa, estou sustentando que se trata do último ato para manter-se no Executivo e na política. 
Tal desfecho, inclusive, vale acentuar, não depende só dela. Depende também de Lula. mas se ela está fraca no poder, o destino reservou ao ex-presidente constituir a última alternativa para sua sucessora. O que acontecerá? Previsão em matéria política é impossível fazer. Aliás, não só na política, mas na vida de cada um.

18 de setembro de 2015
Pedro do Coutto

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Admira-me que ainda persista o mito Lula, sempre como uma resposta possível aos problemas petistas, que a cada dia agravam a condição do país.
O próprio texto admite que "isso, apesar de Lula encontrar-se sob investigação do Ministério Público"... Apesar disso? Só por causa de uma besteirinha dessa? Afinal, ser investigado pelo MP não significa nadica de nada, não afetando a probidade do homem, apesar de seu envolvimento, citado nas delações premiadas em diversas ocasiões. Não impede que ocupe a Casa Civil? Pobre Brasil...
Notoriamente envolvido tanto no 'mensalão' como no 'petrolão', motivos de sobra para que não se faça reflexões ou prognósticos que tragam a sua presença para o epicentro do terremoto político que abala o país, sobretudo o executivo.
Mas o mito permanece apesar de todos os crimes cometidos contra as instituições nesses doze anos, como se uma espécie de 'amnésia histórica' acometesse o senso comum.
Quantas caixas-pretas ainda devem ser abertas para que o mito se esfarele?
Como é possível pensar-se em Lula na Casa Civil, como ministro, ou até como primeiro ministro num suposto parlamentarismo, que venha salvar um governo (que já não governa) com crimes apontados no TCU e no TSE? Como é possível imaginar-se que esse governo escape do impeachment, apenas com o retorno da múmia? 
O retorno a todos os desmandos, para não se falar no temerário revigoramento do Foro de São Paulo, das ações do MST e de outros declarados movimentos bolivarianos, tolerantemente suportados por Lula, que novamente se intensificariam.
Coloco o post em questão, para que sirva de reflexão, caso ocorra realmente a possibilidade de Lula ser chamado para ministro da Casa Civil.
Que a Lava Jato possa pegar-lhe o pé e cortar-lhe as asas e quaisquer pretensões de retorno a vida política... Encerrar-se-ia, assim, o mito do salvador da pátria, cujo lugar na História já está reservado como senhor dos maiores escândalos já acontecidos no Brasil.
m.americo


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