A frágil democracia brasileira vive momentos de tensão. Às dores do ajuste fiscal, que já provocam reações de insatisfação entre os políticos (Orçamento) e consumidores (inflação), soma-se a crescente indignação com as revelações do escandaloso esquema de corrupção na Petrobras. Nessas horas de pressão, em que o governo e seus apoiadores se sentem acuados pelos fatos que eles mesmos produziram, deve a cidadania ficar atenta e reagir às demonstrações de truculência e antidemocracia observadas nos últimos dias.
A temperatura subiu às vésperas de se tornarem conhecidos os políticos envolvidos no petrolão, o megaesquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal. O nome deles deve ser levado na próxima semana ao supremo tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Enquanto isso, os brasileiros acompanham com perplexidade manifestações de destempero e comportamentos questionáveis de autoridades do governo, de seu principal partido e até de seu maior líder. Não bastasse a preocupante demonstração de inércia da presidente Dilma Rousseff ante o gravíssimo rebaixamento da Petrobras à condição de pagadora sob suspeição por importante agência internacional de risco de crédito, com efeitos negativos no mercado financeiro, a recepção não divulgada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de advogados de empresários presos pela Operação Lava-Jato disseminou a suspeita de que o governo estaria empenhado em encontrar meios de livrar as empreiteiras acusadas.
Cardozo voltou às manchetes na sexta-feira. Tão mal como tratou a bem-sucedida manifestação de caminhoneiros contra os preços dos combustíveis e o aumento dos pedágios, o ministro foi ao procurador-geral comunicar que a inteligência do Estado descobriu que Janot corria risco de sofrer atentado. O ministro não fez declarações públicas, mas a ampla divulgação do encontro soou como algo a intimidar eventual pedido de autorização ao STF para abertura de inquérito contra parlamentares por Janot.
Mas isso não é tudo. Claramente preocupado com o andamento das investigações da Lava-Jato, o ex-presidente Lula mergulhou de cabeça no esforço marqueteiro de promover manifestações em "defesa" da Petrobras, na tentativa de empurrar para a opinião pública a miragem de que tudo não passa de trama para desvalorizar a estatal e facilitar sua privatização.
Foi num dos eventos dessa campanha, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, que a presença de Lula atraiu opositores dispostos a vaiá-lo. Do lado de fora, a mídia registrou cenas que fizeram lembrar a pobre Venezuela de Nicolás Maduro, com enfrentamentos físicos patrocinados pela direção do PT fluminense. Eram militantes que seguiam a preocupante orientação do ex-presidente. Lula incitou os militantes a responder às agressões com atos de força e ameaçou os opositores com a convocação do que chamou de "exército do Stedile", líder do movimento em favor da reforma agrária.
Não é disso que o Brasil precisa. Pelo contrário. É nos momentos difíceis que as nações democráticas têm de contar com líderes à altura do povo. Eles transmitem a serenidade que impede que o aquecimento dos ânimos leve as coisas na direção oposta à do entendimento. Mais do que nunca, Lula deveria conhecer a máxima popular: apelou, perdeu.
A temperatura subiu às vésperas de se tornarem conhecidos os políticos envolvidos no petrolão, o megaesquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal. O nome deles deve ser levado na próxima semana ao supremo tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Enquanto isso, os brasileiros acompanham com perplexidade manifestações de destempero e comportamentos questionáveis de autoridades do governo, de seu principal partido e até de seu maior líder. Não bastasse a preocupante demonstração de inércia da presidente Dilma Rousseff ante o gravíssimo rebaixamento da Petrobras à condição de pagadora sob suspeição por importante agência internacional de risco de crédito, com efeitos negativos no mercado financeiro, a recepção não divulgada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de advogados de empresários presos pela Operação Lava-Jato disseminou a suspeita de que o governo estaria empenhado em encontrar meios de livrar as empreiteiras acusadas.
Cardozo voltou às manchetes na sexta-feira. Tão mal como tratou a bem-sucedida manifestação de caminhoneiros contra os preços dos combustíveis e o aumento dos pedágios, o ministro foi ao procurador-geral comunicar que a inteligência do Estado descobriu que Janot corria risco de sofrer atentado. O ministro não fez declarações públicas, mas a ampla divulgação do encontro soou como algo a intimidar eventual pedido de autorização ao STF para abertura de inquérito contra parlamentares por Janot.
Mas isso não é tudo. Claramente preocupado com o andamento das investigações da Lava-Jato, o ex-presidente Lula mergulhou de cabeça no esforço marqueteiro de promover manifestações em "defesa" da Petrobras, na tentativa de empurrar para a opinião pública a miragem de que tudo não passa de trama para desvalorizar a estatal e facilitar sua privatização.
Foi num dos eventos dessa campanha, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, que a presença de Lula atraiu opositores dispostos a vaiá-lo. Do lado de fora, a mídia registrou cenas que fizeram lembrar a pobre Venezuela de Nicolás Maduro, com enfrentamentos físicos patrocinados pela direção do PT fluminense. Eram militantes que seguiam a preocupante orientação do ex-presidente. Lula incitou os militantes a responder às agressões com atos de força e ameaçou os opositores com a convocação do que chamou de "exército do Stedile", líder do movimento em favor da reforma agrária.
Não é disso que o Brasil precisa. Pelo contrário. É nos momentos difíceis que as nações democráticas têm de contar com líderes à altura do povo. Eles transmitem a serenidade que impede que o aquecimento dos ânimos leve as coisas na direção oposta à do entendimento. Mais do que nunca, Lula deveria conhecer a máxima popular: apelou, perdeu.
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