"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

CORRUPÇÃO NOS EUA: O DRAMÁTICO DESFECHO DO "CASO BUDD DWYER"

 


Dwyer não aceitou ser condenado por corrupção

Na década de 80, trabalhadores investiram milhões de dólares no sistema previdenciário federal. O estado da Pensilvânia então passou a aceitar operações de companhias privadas para calcular a parcela do fundo a qual cada trabalhador tinha direito.

Uma firma, a Computer Technology Associates, distribuiu propinas para obter o contrato, na época de US$ 4,6 milhões. Em 1986, o ex-senador Budd Dwyer foi acusado de ter recebido US$ 300 mil. Como o governador se recusou a indicar os nomes dos culpados, que eram membros do Partido Republicano, a defesa de Dwyer se complicou e promotoria lhe ofereceu a pena de no máximo cinco anos de prisão, troca da admissão de culpa, retratação pública e cooperação com as investigações.
Dwyer recusou a oferta e continuou a alegar inocência no caso, da mesma forma que todos ligados a ele. Foi considerado culpado e sua sentença podia atingir 55 anos de prisão e 300 mil dólares de multa. Vejam o que aconteceu.

SUICÍDIO TRANSMITIDO AO VIVO

“Em 22 de janeiro de 1987, na véspera do pronunciamento de sua sentença, Budd Dwyer convocou uma coletiva de imprensa para “esclarecer o caso”. Na entrevista, ele novamente alegou inocência:“Eu agradeço ao bom Deus por ter me concedido 48 anos de desafios instigantes, experiências estimulantes, muitos momentos felizes e, mais do que tudo, a melhor esposa e os melhores filhos que qualquer homem desejaria ter.

Agora minha vida mudou, sem uma razão aparente. As pessoas que me telefonam e escrevem estão exasperadas e sentindo-se desamparadas. Eles sabem que eu sou inocente e querem ajudar. Mas neste país, a maior democracia do mundo, não há nada que eles possam fazer para evitar que eu seja punido por um crime que eles sabem que eu não cometi. Alguns disseram que eu era um Jó dos tempos modernos.

O juiz Malcom Muir é conhecido por suas sentenças medievais. Eu enfrento uma pena máxima de 55 anos numa prisão e o pagamento de US$ 300 mil por ser inocente. O juiz Muir já sinalizou à imprensa que ele, entre aspas, “sentiu-se mal” quando nos foi colocada a culpa, e que planeja me condenar em detrimento dos outros envolvidos.
Mas não seria o caso, porque cada um dos outros acusados que me conhece sabe que sou inocente. E isto não legitimaria a punição, porque eu não fiz nada de errado. Minha prisão, sendo eu vítima de perseguição política, seria simplesmente um Gulag americano.

Peço àqueles que acreditam em mim para continuarem com sua amizade e que rezem pela minha família, que continuem a trabalhar por um verdadeiro sistema judicial aqui nos Estados Unidos, e que continuem com os esforços para me inocentar, assim minha família e suas futuras famílias não ficarão maculadas pela injustiça que está sendo perpetrada sobre mim.

Acreditamos que a justiça e a verdade sempre prevalecem, e eu serei inocentado e nós devotaremos o resto de nossas vidas ao trabalho para criar um sistema de justo aqui nos Estados Unidos.
O veredicto de culpa está cada vez mais ganhando força. Mas na medida em que discutimos nossos planos para expor as mazelas de nosso sistema legal, as pessoas têm dito “por que, irmão?”,

“ninguém se importa!”, “você age como um tolo!”, o programa 60 Minutes, o 20/20, a União Americana pelas Liberdades Civis, Jack Anderson e outros que têm publicado estes casos durante anos, e isso não incomoda ninguém…

Neste momento, Dwyer parou de ler seu discurso e chamou três de seus assessores, entregando um envelope a cada um deles. Depois descobriu-se que um deles continha um bilhete de suicídio para sua esposa. O segundo envelope autorizava doação de órgãos. E o terceiro continha uma carta para o governador recém-empossado, Robert P. Casey.

Após entregar os envelopes aos assessores, Dwyer pegou um envelope maior e retirou dele um revólver Magnum 357, alertando aos que estavam presentes na platéia:
– Por favor, deixem o recinto se isto os constrange.

Os que estavam na platéia clamaram a Dwyer para abaixar a arma (“Budd, não!” — ouviu-se na transmissão). Alguns tentaram se aproximar dele, e o ouviram dizer:
– Afastem-se, esta coisa vai machucar alguém.

E estas foram suas últimas palavras. Sem dar ouvidos aos clamores, Dwyer enfiou o cano do revólver na boca e puxou o gatilho. Ele caiu no chão, em frente às câmeras de cinco telejornais. Dwyer foi pronunciado morto no local às 11:31 da manhã.
Enquanto isso, aqui no Brasil…

08 de dezembro de 2014
Carlos Vicente

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