"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A VITRINE DE AÉCIO NÃO É TÃO BOA



 
A disputa pela Presidência da República, considerada a mais imprevisível desde 1989, viveu um novo capítulo no primeiro debate do segundo turno, transmitido pela Band.
A presidente Dilma Rousseff, sempre criticada pelo nervosismo e pela dificuldade de expressar-se de forma clara, teve o seu melhor desempenho desde o início da campanha eleitoral.
A avaliação é feita por integrantes da própria campanha do PSDB.
 
E a grande sacada dos marqueteiros de Dilma, bem executada pela presidente, foi atacar justamente a principal vitrine do presidenciável Aécio Neves (PSDB): sua gestão à frente do Estado de Minas Gerais durante oito anos (2003-2010). E Aécio parece ter sido apanhado de calças curtas, acuado com as investidas contundentes da petista, sem reverter a discussão para o âmbito nacional.

Nos debates do primeiro turno, com a participação de até sete candidatos, a administração do PT e Dilma eram o alvo natural de todos os concorrentes.
O cenário agora, de um contra um, permite duelo direto dos oponentes o tempo todo, tanto para defender suas ideias como para criticar o adversário.

A estratégia da candidata do PT foi desconstruir nacionalmente a imagem de Minas Gerais como uma espécie de “Suécia brasileira” durante a gestão tucana.
Ganharam publicidade o investimento aquém do determinado por lei na área de saúde (o governo mineiro incluiu os gastos com saneamento para atingir o percentual mínimo), os altos índices de violência do Estado, a insatisfação dos professores da rede pública e a aprovação da Lei 100, a qual permitiu a efetivação de quase 100 mil servidores sem concurso e que, em março deste ano, foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

O JOGO EMPATOU

Aécio, aparentemente aturdido com a desconstrução do seu choque de gestão, não conseguiu repetir as boas atuações de embates anteriores, em especial o da Rede Globo, quando aliou o seu discurso de mudança com ataques precisos ao governo federal.

Até mesmo o principal calcanhar de Aquiles dos governos petistas, a corrupção, perdeu força. O candidato do PSDB foi contra-atacado com inúmeros casos de corrupção de gestões tucanas, inclusive o mensalão mineiro, ainda sem punição alguma. A construção do aeroporto de Cláudio, terra da família de Aécio, também entrou na pauta.

Até anteontem considerada menos preparada para o enfrentamento público, a petista empatou o jogo, mas ainda vão ocorrer pelo menos mais três debates até o dia das eleições.

E é sempre muito difícil avaliar quem ganha ou perde um debate eleitoral e qual o impacto desse desempenho na votação. Fatores subjetivos prevalecem sobre questões objetivas, e cada um tende a avaliar a performance do seu candidato com maior boa vontade, principalmente em uma eleição tão polarizada.

(transcrito de O Tempo)

17 de outubro de 2014
Murilo Rocha

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