Combater o índice de inflação e não a própria, e dissimular custos com subsídio oriundo de dívida pública são exemplares. Como nas favelas, é um tipo de solução perigosa
O termo, tirado do glossário urbanístico da favelização, se encaixa à perfeição à forma como a economia tem sido gerenciada desde que a anabolização feita a partir de fins de 2009, no estouro da crise mundial, passou a não produzir os efeitos esperados.
Os “puxadinhos” começaram a ser construídos à medida que os problemas surgiam — como é da natureza dos “puxadinhos”. É parte da cultura do “puxadinho” um estilo de ação do governo no varejo voltada a combater efeitos e não causas. O setor energético é a grande cobaia deste tipo de ação.
Se a inflação ameaça escapar do controle — por erros do governo no campo monetário e fiscal —, controlem-se tarifas de bens e serviços públicos. E assim os preços de combustíveis passaram a ser subsidiados pela Petrobras, enorme sobrecarga para uma empresa que necessita investir pesadamente.
Cálculos de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, feitos ainda na primeira quinzena do mês, indicavam uma defasagem de 17% no preço da gasolina e 15% no diesel. Para minimizar as dificuldades da estatal, obrigada a importar mais caro e vender mais barato, outro “puxado”: aumento da mistura de biocombustível no diesel
A tática míope de se administrar o índice de inflação em vez de se combater com o vigor necessário os motivos da elevação dos preços tem provocado um enorme estrago no setor elétrico.
O objetivo era, e é, defensável: reduzir o custo da energia elétrica, um dos fatores negativos na já baixa capacidade de o Brasil competir no exterior e com os produtos importados. Ao se passar à prática, veio o desastre.
Coerente com o seu viés intervencionista, pelo qual tenta-se até tabelar lucro de empresa privada, o Planalto baixou por medida provisória um édito para que as estatais renegociassem suas concessões prevendo tarifas excessivamente baixas. Só as federais o fizeram, porque foram obrigadas. Com a seca e a necessidade de se manter as termelétricas em operação constante, tudo isso somado ao corte forçado de tarifas — com fins eleitorais —, criou-se enorme desequilíbrio financeiro no sistema, com a virtual quebra de distribuidoras. O resultado é que esse “puxadinho” deverá custar no mínimo R$ 20 bilhões ao Tesouro. Sem considerar o mirabolante empréstimo bancário de R$ 11 bilhões à Câmara de Comercialização de Emergia Elétrica (CCEE), entidade sem ativo para qualquer operação simples de crédito. Mas este foi um negócio especial...
Combater o índice de inflação e não a própria e dissimular custos com subsídios pagos por dinheiro oriundo de endividamento público — e não só no setor elétrico — são “puxadinhos” exemplares. Assim como nas favelas, este é um tipo de solução de alto risco.
O termo, tirado do glossário urbanístico da favelização, se encaixa à perfeição à forma como a economia tem sido gerenciada desde que a anabolização feita a partir de fins de 2009, no estouro da crise mundial, passou a não produzir os efeitos esperados.
Os “puxadinhos” começaram a ser construídos à medida que os problemas surgiam — como é da natureza dos “puxadinhos”. É parte da cultura do “puxadinho” um estilo de ação do governo no varejo voltada a combater efeitos e não causas. O setor energético é a grande cobaia deste tipo de ação.
Se a inflação ameaça escapar do controle — por erros do governo no campo monetário e fiscal —, controlem-se tarifas de bens e serviços públicos. E assim os preços de combustíveis passaram a ser subsidiados pela Petrobras, enorme sobrecarga para uma empresa que necessita investir pesadamente.
Cálculos de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, feitos ainda na primeira quinzena do mês, indicavam uma defasagem de 17% no preço da gasolina e 15% no diesel. Para minimizar as dificuldades da estatal, obrigada a importar mais caro e vender mais barato, outro “puxado”: aumento da mistura de biocombustível no diesel
A tática míope de se administrar o índice de inflação em vez de se combater com o vigor necessário os motivos da elevação dos preços tem provocado um enorme estrago no setor elétrico.
O objetivo era, e é, defensável: reduzir o custo da energia elétrica, um dos fatores negativos na já baixa capacidade de o Brasil competir no exterior e com os produtos importados. Ao se passar à prática, veio o desastre.
Coerente com o seu viés intervencionista, pelo qual tenta-se até tabelar lucro de empresa privada, o Planalto baixou por medida provisória um édito para que as estatais renegociassem suas concessões prevendo tarifas excessivamente baixas. Só as federais o fizeram, porque foram obrigadas. Com a seca e a necessidade de se manter as termelétricas em operação constante, tudo isso somado ao corte forçado de tarifas — com fins eleitorais —, criou-se enorme desequilíbrio financeiro no sistema, com a virtual quebra de distribuidoras. O resultado é que esse “puxadinho” deverá custar no mínimo R$ 20 bilhões ao Tesouro. Sem considerar o mirabolante empréstimo bancário de R$ 11 bilhões à Câmara de Comercialização de Emergia Elétrica (CCEE), entidade sem ativo para qualquer operação simples de crédito. Mas este foi um negócio especial...
Combater o índice de inflação e não a própria e dissimular custos com subsídios pagos por dinheiro oriundo de endividamento público — e não só no setor elétrico — são “puxadinhos” exemplares. Assim como nas favelas, este é um tipo de solução de alto risco.
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