"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

DEMOCRACIA RELATIVA

 
BRASÍLIA - A democracia avança no Brasil, lenta e gradualmente, e anda para trás na Venezuela, célere e gravemente.

No Brasil, mesmo com enorme atraso em relação à Argentina, ao Uruguai, ao Chile..., a Comissão da Verdade tem exposto fatos e depoimentos impressionantes e as Forças Armadas, que jamais admitiram a tortura, criam comissões de sindicâncias para investigar essa prática em instalações militares. Decisão inédita e de grande significado.

Com a sua índole pacífica e no seu próprio ritmo, o Brasil vai aos poucos tornando oficial aquilo que todos já sabíamos por livros, entrevistas, alguns documentos. É, efetivamente, um reencontro com a sua história.

Mais cedo ou mais tarde, haverá a revisão da Lei da Anistia, que, compactuada entre os dois lados, impede até hoje processos, condenações e penas para agentes que torturaram, mataram e ocultaram cadáveres de opositores que, desarmados, estavam sob a custódia do Estado.

Mas não será tão já e a voz de comando partiu da presidente da República e comandante em chefe das Forças Armadas, Dilma Rousseff, ao defender os "pactos políticos" -leia-se a Lei da Anistia. Carregando, ela mesma, as marcas da tortura e das prisões, Dilma está, sabiamente, monitorando a oportunidade.

É de se supor que a revisão da Lei da Anistia virá, mas quando os responsáveis hierárquicos ou diretos pela tortura já estiverem em sua maioria mortos. Será uma manifestação simbólica, uma satisfação à história despojada de objetivo prático.

E a Venezuela? Jornais fecham por falta de papel, políticos são sumariamente cassados, manifestantes são presos, o número de mortos só cresce e a guerra extrapola fronteiras, com Maduro falando aos "povos" e a oposição cobrando os governos.

"Quantos mais assassinados para que os democratas do hemisfério escutem nossa voz?", indagou a deputada cassada Maria Corina, ontem, em Brasília. Quem vai responder?

03 de abril de 2014
Eliane Catanhêde, Folha de

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