"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

"DILEMAS BRASILEIROS"

 
Muitos professores são contra premiações por desempenho, mas assim nivelam os piores, os mais ausentes e incompetentes aos melhores, mais dedicados
Para o bem e para o mal, as sociedades que mais crescem, enriquecem e progridem são as mais competitivas, onde impera a meritocracia e são oferecidas condições para que mais gente concorra para a excelência profissional nas ciências, nas artes e na tecnologia, na busca de inovações, de novos produtos e serviços. Assim como a vida real, a competição social é dura, implacável e muitas vezes injusta, muitos caem pelo caminho, muitos espertos e desonestos se dão bem, mas toda a sociedade se beneficia com o progresso. Exemplos são desnecessários.
 
Há também quem veja a recompensa aos méritos individuais como simples darwinismo social, corrida de ratos engendrada pelo capitalismo, conspiração contra a dignidade, a unidade e os interesses dos trabalhadores e suas corporações. Um exemplo: muitos professores são contra premiações por desempenho, mas assim nivelam os piores, os mais ausentes e incompetentes aos melhores, mais dedicados e eficientes, em nome da solidariedade corporativa, em prejuízo dos alunos e da competitividade internacional do país.
 
Tão difícil quanto harmonizar os direitos à informação e à privacidade é equilibrar a competitividade e a solidariedade. Não é preciso ser nenhum professor DaMatta para ver que um de nossos maiores problemas é que os brasileiros — individualistas, malandros e sentimentais, habituados a misturar o publico ao privado e à cultura do compadrio e da boca livre — têm enorme dificuldade em escolher entre uma e outra, querem os benefícios das duas, mas sem pagar o preço.
 
Enquanto o Brasil for uma sociedade de mercado, nosso grande conflito estará na distribuição equitativa dos benefícios da sociedade competitiva. Enfraquecer os fortes não beneficia os fracos, prejudica a todos. Mas não fortalecer os fracos enfraquece toda a sociedade moralmente e atrasa o seu progresso material.
 
O Brasil de Dilma vive um estranho dilema em que os defensores da competitividade, que faz crescer toda a sociedade, são os liberais e conservadores, e os que privilegiam a solidariedade corporativa, que atrasa a vida do país, e dos seus cidadãos, os progressistas.

15 de novembro de 2013
Nelson Motta, O Globo

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