Os desvios do início e os desvios do fim da Lava Jato respondem à doença sistêmica do Brasil: o desenraizamento de tudo do fio-terra “povo”, a única entidade legítima para iniciar processos do gênero.
Sem ele, tudo vira munição da guerra “deles” contra “eles” pelo poder de deter o controle da máquina de esfolar povo brasileira.
Nada disso apaga, no entanto, a verdade que ficou perdida no meio: o desvendamento dos meandros de um “Sistema” podre e da podridão individual da maioria dos seus agentes.
Sobre as conversas entre Sérgio Moro e Deltan Dalagnol especialmente selecionadas para acabar de enterrá-la há que dizer que é impossível limpar o Brasil sem um mínimo de transgressão a uma constituição que, para ser defendida, requer uma confissão formal de adesão ao crime.
Mas o recurso a essas transgressões, pela primeira vez usado para o bem, acaba justificando aos olhos da Justiça, que é e tem de ser necessariamente formalista, o uso que sempre se fez dele para o mal, o que comprova pela enésima vez que soluções casuísticas não são soluções, é preciso desentortar a essência do “Sistema”.
O objetivo de acabar com a Lava Jato uniu do Centrão ao PSOL e realizou-se com o peteleco que faltava: o da família Bolsonaro. Do amigo Queiroz à Bolsotini Chocolates e Café Ltda com que o senador Flavio lavou em bombons da Kopenhagen R$ 1,6 dos seus milhõezinhos “rachados”, chegamos à inexorável reacomodação dos fundilhos do pai Jair no colo do Centrão.
Há a distância de um abismo entre as “rachadinhas” universalmente praticadas desde que d. João VI as fez uma das primeiras instituições do Brasil e “o maior assalto de todos os tempos”, conforme descrito pelo Banco Mundial. Mas a questão é de princípio: roubo é roubo, não importa o tamanho, a não ser para os roubados. O meio de campo cinzento entre essas duas grandezas não pode ser apagado nem pelas melhores instituições já arquitetadas pelo homem, daí só os roubados terem legitimidade para acionar ou não a lei para coibi-las, na medida da sua sensibilidade dada cada circunstância. Deixar esse tipo de decisão para os roubantes, como sempre soubemos e Getulio Vargas explicitamente formulou com o seu imortal “Para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei” é nada menos que suicídio.
A Lava Jato morreu assassinada por Rodrigo Janot ao dar “leite de pato” aos irmãos Ésley e ao Departamento de Propinas da JBS dirigido pelo delator Ricardo Daud, uberabense como Dilma e ex-chefe de gabinete de Wagner Rossi, o ministro da Agricultura “impichado” antes da própria “presidenta”. Coincidentemente, Wagner vem a ser o pai de Baleia, o candidato de Rodrigo Maia à sua própria sucessão na presidência da Câmara Federal…
Com a canetada final de Augusto Aras, que subiu pelos degraus das culpas da descendência de Jair Bolsonaro, enterrar-se-ão os prontuários dos 189 congressistas fregueses oficialmente reconhecidos e identificados de Daud e seus patrões, donos da lavanderia planetária criada pelos expedientes que permanecem encerrados na “caixa preta” do BNDES por onde disseminou-se o grosso do que se roubou na “Era PT”, e do Departamento de Operações Estuturadas da Odebrecht, duas das entidades das quais realmente emana o poder que “em nome do povo” é exercido, assim como – promete-se – o do chefe de todos eles.
Quanto ao futuro da corrupção no Brasil, ele já está mais do que presente, liberado pelas sentenças sucessivas dos abastados “garantistas” do Supremo Tribunal Federal cavadas pelos ricos advogados que detêm o privilégio de ser por eles acatados: vem-se roubando, sob a impunidade ampla, geral e irrestrita de sempre, até o ar dos pulmões dos doentes de covid – os respiradores, primeiro, os hospitais de campanha, depois, os bujões de oxigênio de Manaus e as vacinas dos fura-filas, mais recentemente. Isso no varejo. No atacado os sinais do costume já estão aí, nas tentativas de estupro até da própria Anvisa em benefício dos tubarões internacionais que rondam, bocarras arreganhadas, muito mais que só a pandemia…
Com o que resta-nos repetir o que já ficou dito no artigo anterior: nada vai mudar antes de uma reforma política que inverta a cadeia das lealdades no aparelho das decisões nacionais, ou seja, antes que o Brasil passe, finalmente, pela sua revolução democrática e entregue o poder ao povo fazendo todos os mandatos dependerem dele o tempo todo – antes, durante e depois de cada eleição – pela boa e velha receita das eleições distritais puras com recall, iniciativa e referendo. Acreditar no contrário é acreditar que “passando um pito” a cada quatro anos na bandidagem e tirando a policia das ruas pelos próximos quatro você estará seguro…
09 de fevereiro de 2021
vespeiro
Nada disso apaga, no entanto, a verdade que ficou perdida no meio: o desvendamento dos meandros de um “Sistema” podre e da podridão individual da maioria dos seus agentes.
Sobre as conversas entre Sérgio Moro e Deltan Dalagnol especialmente selecionadas para acabar de enterrá-la há que dizer que é impossível limpar o Brasil sem um mínimo de transgressão a uma constituição que, para ser defendida, requer uma confissão formal de adesão ao crime.
Mas o recurso a essas transgressões, pela primeira vez usado para o bem, acaba justificando aos olhos da Justiça, que é e tem de ser necessariamente formalista, o uso que sempre se fez dele para o mal, o que comprova pela enésima vez que soluções casuísticas não são soluções, é preciso desentortar a essência do “Sistema”.
O objetivo de acabar com a Lava Jato uniu do Centrão ao PSOL e realizou-se com o peteleco que faltava: o da família Bolsonaro. Do amigo Queiroz à Bolsotini Chocolates e Café Ltda com que o senador Flavio lavou em bombons da Kopenhagen R$ 1,6 dos seus milhõezinhos “rachados”, chegamos à inexorável reacomodação dos fundilhos do pai Jair no colo do Centrão.
Há a distância de um abismo entre as “rachadinhas” universalmente praticadas desde que d. João VI as fez uma das primeiras instituições do Brasil e “o maior assalto de todos os tempos”, conforme descrito pelo Banco Mundial. Mas a questão é de princípio: roubo é roubo, não importa o tamanho, a não ser para os roubados. O meio de campo cinzento entre essas duas grandezas não pode ser apagado nem pelas melhores instituições já arquitetadas pelo homem, daí só os roubados terem legitimidade para acionar ou não a lei para coibi-las, na medida da sua sensibilidade dada cada circunstância. Deixar esse tipo de decisão para os roubantes, como sempre soubemos e Getulio Vargas explicitamente formulou com o seu imortal “Para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei” é nada menos que suicídio.
A Lava Jato morreu assassinada por Rodrigo Janot ao dar “leite de pato” aos irmãos Ésley e ao Departamento de Propinas da JBS dirigido pelo delator Ricardo Daud, uberabense como Dilma e ex-chefe de gabinete de Wagner Rossi, o ministro da Agricultura “impichado” antes da própria “presidenta”. Coincidentemente, Wagner vem a ser o pai de Baleia, o candidato de Rodrigo Maia à sua própria sucessão na presidência da Câmara Federal…
Com a canetada final de Augusto Aras, que subiu pelos degraus das culpas da descendência de Jair Bolsonaro, enterrar-se-ão os prontuários dos 189 congressistas fregueses oficialmente reconhecidos e identificados de Daud e seus patrões, donos da lavanderia planetária criada pelos expedientes que permanecem encerrados na “caixa preta” do BNDES por onde disseminou-se o grosso do que se roubou na “Era PT”, e do Departamento de Operações Estuturadas da Odebrecht, duas das entidades das quais realmente emana o poder que “em nome do povo” é exercido, assim como – promete-se – o do chefe de todos eles.
Quanto ao futuro da corrupção no Brasil, ele já está mais do que presente, liberado pelas sentenças sucessivas dos abastados “garantistas” do Supremo Tribunal Federal cavadas pelos ricos advogados que detêm o privilégio de ser por eles acatados: vem-se roubando, sob a impunidade ampla, geral e irrestrita de sempre, até o ar dos pulmões dos doentes de covid – os respiradores, primeiro, os hospitais de campanha, depois, os bujões de oxigênio de Manaus e as vacinas dos fura-filas, mais recentemente. Isso no varejo. No atacado os sinais do costume já estão aí, nas tentativas de estupro até da própria Anvisa em benefício dos tubarões internacionais que rondam, bocarras arreganhadas, muito mais que só a pandemia…
Com o que resta-nos repetir o que já ficou dito no artigo anterior: nada vai mudar antes de uma reforma política que inverta a cadeia das lealdades no aparelho das decisões nacionais, ou seja, antes que o Brasil passe, finalmente, pela sua revolução democrática e entregue o poder ao povo fazendo todos os mandatos dependerem dele o tempo todo – antes, durante e depois de cada eleição – pela boa e velha receita das eleições distritais puras com recall, iniciativa e referendo. Acreditar no contrário é acreditar que “passando um pito” a cada quatro anos na bandidagem e tirando a policia das ruas pelos próximos quatro você estará seguro…
09 de fevereiro de 2021
vespeiro
https://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2021/02/a-morte-da-lava-jato.html
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