A industrialização induzida degradou muitas terras
como estas em Hengyang, província de Hunan
O recente apelo do presidente Xi Jinping para reduzir o desperdício de alimentos diante de uma escassez iminente foi reforçado pelos testemunhos de incontáveis agricultores induzidos a plantar alimentos básicos, descreve Bitter Winter com informações de dentro do continente vermelho.
Em abril, o vilarejo Shilai, na província oriental de Shandong, ordenou que todos plantassem cereais em vez de árvores nos próximos cinco anos.
As árvores existentes devem ser cortadas para dar lugar a plantações de cereais. Em Zuojiagou, todos os choupos foram cortados em uma noite sem o consentimento dos proprietários que quando pediram justiça, foram informados de que a ordem vinha de altos escalões.
Um morador comentou: “O governo nos ordenou que plantemos alimentos porque a reserva nacional de grãos está vazia e a China não pode importar mais dos EUA”.
Na área metropolitana de Xintai bandidos contratados pela administração socialista destruíram árvores numa dúzia de aldeias.
Um ancião disse: “Eles destruíram as árvores à noite, em segredo. A administração deveria ter pelo menos nos informado. Não poderemos vender as árvores cortadas e teremos que usá-las como lenha. Na China, as pessoas comuns devem sofrer sempre”.
Outro morador de 60 anos acrescentou: “Esses bandidos estavam armados com varas compridas e teriam espancado qualquer um que tentasse resistir. Ninguém se atreveu a protestar. A política de corte de árvores é obrigatória e não há espaço para discussão”.
Os funcionários de Guanyang, região autônoma de Guangxi Zhuang, lançaram uma campanha para cortar árvores frutíferas para usar a terra para o cultivo de cereais.
Um camponês local explicou: “O governo emitiu um comunicado dizendo que, a partir de 1º de maio, todas as terras ocupadas por árvores frutíferas deverão ser plantadas com arroz, caso contrário nossos direitos de manejo serão revogados”.
Na China, as terras só são de propriedade coletiva sob controle estatal e os agricultores só podem usá-las com base em direitos contratuais ou de gestão outorgados pelo governo.
Por esse motivo, o governo ameaça revogar esses direitos para obrigar os agricultores a plantar alimentos básicos.
“Tenho 70 anos e não estou com a saúde”, queixou-se outro morador. “Não trabalho a terra há mais de dez anos, mas agora tenho que fazê-lo”.
A ordem de arrancar árvores frutíferas e plantar safras alimentícias em Shandong causou extensas discussões online.
Um fazendeiro de meia-idade reclamou: “Uma vez o governo ordenou que árvores frutíferas fossem plantadas e agora… arroz. Quem desobedece pode perder o direito de cultivar a terra. As pessoas na China não podem possuir um pedaço de terra e o regime tem a última palavra sobre tudo”.
Em outra aldeia de Guangzhou, os trabalhadores foram obrigados a destruir todas as árvores e outras plantas cujos frutos estavam quase maduros e plantar arroz em seu lugar em 17 dias.
Outro morador reclamou: “As reportagens dizem que o estado tem suprimentos alimentares adequados, mas somos forçados a plantar alimentos. Pode-se pensar que falta trigo ao Estado porque nunca falam a verdade”.
Apesar da propaganda do Partido Comunista Chinês para aliviar o pânico sobre a escassez de alimentos, o economista chinês Hu Xingdou acredita que país corre o risco de importar trigo do exterior.
E acrescentou: “a China é o maior importador de cereais do mundo”.
Um país que não produz para alimentar sua população pode ser tido como uma grande potência econômica mundial?
29 de outubro de 2020
Postado por Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
conferencista de
política internacional,
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