"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

SE SÉRGIO MORO DEIXAR O GOVERNO, O DESGASTE DE BOLSONARO CRESCERÁ AINDA MAIS



A situação política do ministro Sérgio Moro piorou nos últimos dias na proporção em que o presidente Jair Bolsonaro decidiu substituir o diretor geral da Polícia Federal, sequer dando uma oportunidade ao titular da Justiça de indicar o sucessor de Maurício Valeixo. Evidentemente a tensão é grande, sobretudo na medida em que a mudança na PF é dada como certa inclusive por integrantes do próprio setor.

Reportagem de Camila Mattoso, Folha de São Paulo de quinta-feira, ilumina fortemente a batalha que está se travando na Esplanada de Brasília entre o Ministério da Justiça e o Palácio do Planalto.

MORO IRRITADO – O tema tornou-se um problema grave para Sérgio Moro. Tanto é assim que na quarta-feira durante encontro com jornalistas, Sérgio Moro perdeu a calma e encerrou o encontro exatamente três minutos depois da abertura dos diálogos.

Como era esperado, e devia ter sido esperado pelo próprio Moro, choveram perguntas dos repórteres a respeito da Polícia Federal. As perguntas refluíram para um tema só: exatamente a questão da Polícia Federal e da intromissão do presidente da República desejando ele próprio tornar-se o autor exclusivo da decisão.

Sérgio Moro, a rigor, não pode abrir mão de indicar o diretor geral. Isso porque ele é titular do Ministério da Justiça e Segurança, a quem, portanto, o chefe da PF é subordinado.

CHOQUE IRRECUPERÁVEL – Se o desfecho for esse, Moro na minha opinião, terá sofrido um choque irrecuperável. Sobretudo porque ele fora o autor da nomeação de Maurício Valeixo, e se tornou, não sei por quê, antagonista no processo Fabrício Queiros. Vale lembrar sempre que as investigações que convergiram para o ex-assessor Fabrício Queiroz foram sustadas por determinação de Dias Tofolli, presidente do STF.

Inclusive, de forma surpreendente porque quem requereu o ato não foi Queiroz, mas sim o advogado de Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, mas que não era acusado de coisa alguma. O despacho do Ministro Tofolli estendeu-se até o antigo COAF, que mudou de nome transformando-se em Inteligência Financeira.

MELHOR AVALIADO – Para que se possa ter uma ideia do peso da perda de pontos para o governo, no caso de Sérgio Moro sair da Justiça, é bom destacar que a mais recente pesquisa do Datafolha analisada por Flávia Faria, também da Folha, Sérgio Moro é o membro do governo melhor avaliado pela população. Alcança 54% no campo positivo. Enquanto isso a aprovação de Bolsonaro fica contida no percentual de 29 pontos. Pelos números e pela atmosfera política do país, pode-se deduzir a dimensão do estrago que atingirá o Palácio do Planalto.

Afinal de contas, qual o motivo que leva o presidente Jair Bolsonaro a insistir tanto na nomeação do diretor geral da PF, não levando em consideração a caneta de Sérgio Moro em todo este episódio. Some-se esse desgaste à perda causada pelo choque com o governo chileno. As coisas vão mal.

06 de setembro de 2019
Pedro do Coutto

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