"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

DESAPONTAMENTO COM A ECONOMIA

O Brasil corre um sério risco de entrar em um novo ciclo recessivo ainda este ano. As últimas projeções para o primeiro trimestre deste ano revelam um PIB (Produto Interno Bruto) negativo ante o quarto trimestre de 2018. Caso venha a se confirma, a retração deverá ser sua primeira queda após oito trimestres de avanços, aproximando-nos dessa forma da antessala de outra possível recessão. Essa queda previsível para o primeiro trimestre é sobretudo frustrante porque aponta uma reversão de expectativa muito rápida. Os indicadores de confiança que estavam tão bem situados até janeiro retornaram para níveis pré-eleitorais e acontece que a avaliação sobre o presidente foi posta em xeque rapidamente.

Há ainda o cenário da reforma Previdenciária considerada fundamental para o equilíbrio das contas públicas, e também para ampliar o horizonte de planejamento dos empresários. Infelizmente, o novo governo ainda não encontrou uma fórmula adequada para negociar com o Congresso, por isso, continua mostrando muita dificuldade em formar uma sólida base aliada.

A desaceleração é extremamente preocupante com relação à produção industrial, às vendas do varejo e serviços, especialmente em fevereiro e março deste exercício. Diante das reformas, o atual governo demonstra que ainda está patinando, levando-nos a crer que as coisas estão muito mais complicadas do que inicialmente prevíamos.

Em março, houve uma queda razoável de vagas formais no mercado de trabalho e a arrecadação de impostos do governo federal voltou a declinar. Atualmente, a grande interrogação é se voltaremos a crescer no segundo semestre ou se a economia ficará paralisada até 2020. A bolsa brasileira sofrerá bastante com a queda da atividade econômica, em contrapartida, no mínimo, seremos favorecidos com a manutenção da SELIC (taxa básica de juros) ou, até mesmo, a sua queda tão esperada pelo mercado financeiro no segundo semestre, a fim de apoiar a retomada do crescimento.

Quanto ao ambiente externo, o FED (Banco Central Americano) já sinalizou que poderá interromper a alta nos juros e os programas de estímulos voltam com força ao debate, sobretudo no Japão e Europa. A expectativa para 2019 com relação ao crescimento global é que ele seja inferior ao do ano passado. As taxas para 10 anos nos EUA continuam até o momento mantidas em torno de 2,5%, na Alemanha retornaram a 0 (zero) e prosseguem nulas no Japão. Na realidade, existe algum risco no horizonte em função da alta da inflação nos EUA, embora o subemprego do mercado de trabalho e até então, esteja conseguindo que os salários se mantenham sob controle. O presidente Trump vem massacrando o FED devido às altas taxas de juros praticadas. Com a proximidade das eleições nos EUA, é bem provável que a pressão aumente em favor da manutenção delas em lugar da redução a depender dos indicadores econômicos.

A guerra comercial entre a China e os EUA vem se agravando e derrubando o comércio internacional e com isso as dúvidas crescem com relação ao panorama mundial. Tudo indica que não haverá uma saída rápida e fácil para a disputa entre as duas maiores economias do planeta. É possível que a situação entre elas primeiro deva se agravar para então começar a melhorar, em busca de uma solução. E quanto mais tempo durar o conflito, maiores poderão ser os danos à economia global, que já está em ritmo mais lento.

O cenário da economia brasileira para o segundo semestre requer boa dose de prudência. Incertezas sobre aspectos fundamentais do ambiente econômico futuro notadamente sobre a sustentabilidade fiscal têm efeitos adversos sobre a atividade econômica. Pelo visto, 2019 promete ser mais um ano fraco e para o nível de ociosidade que o Brasil ainda tem, lamentavelmente, estamos caminhando para mais um ano perdido.



22 de maio de 2019
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).

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