"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

UM GRANDE SALTO NA HISTÓRIA: DA SUCESSÃO DE 1960 (JÂNIO E LOTT) À SUCESSÃO DE 2018

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Jânio em 1961, fotografado por Erno Schneider
Essa comparação foi colocada pelo jornalista e historiador José Hamilton Ribeiro na edição de 25 de agosto na Folha de São Paulo. Ele relembrou o clima do pleito de 60, final de mandato do presidente Juscelino Kubitschek, comparando-o com a jornada dos candidatos às urnas de outubro deste ano. Acentuou a euforia de ontem com o amargor de hoje, situação decorrente de dois polos políticos. Em 1960 havia euforia no país, o debate econômico ganhara as ruas, herança dos anos dourados que conduziram o impulso para frente da sociedade. Não havia desemprego, não havia nem um centésimo da corrupção que marca a vida brasileira nos últimos 16 anos.
Falava-se na caixinha de 10% em matéria de intermediação ilegal de contratos. Hoje essa comissão elevou-se, acho eu, à casa dos 1.000%. Uma explosão que concentrou a renda do país ainda mais.
JK E JÂNIO – Mas voltemos a outubro de 1960. Juscelino concluía seu mandato entregando a Jânio Quadros um país redemocratizado com as instituições concretizadas. Ele próprio ao passar a faixa a Jânio, lembrou o seguinte: “Vossa Excelência recebe o governo do Brasil em condições muito diversas daquelas que marcaram minha posse. Basta dizer que para que eu assumisse, em janeiro de 56, houve necessidade de dois movimentos políticos militares. Agora, situação muito diferente o espera daqui para frente.”
Mas não seria por muito tempo porque a 25 de agosto de 61, sete meses depois Jânio Quadros renunciava à Presidência da República. Frustrou os partidos que o apoiaram e os autores dos milhões de votos a ele destinados nas urnas. A democracia voltava a faixa de risco. E o projeto de Juscelino de disputar novamente a presidência em 65 evaporou-se no meio da tempestade que marcou a posse de João Goulart e depois o final de seu governo.
ELEIÇÃO SEPARADA – Naquele tempo o vice-presidente era eleito separadamente do presidente. Nas urnas de 60, Jânio Quadros derrotou o general Teixeira Lott, mas Jango foi reeleito vice-presidente. Esta foi a primeira reeleição da história do Brasil. Foi um lance de dados. O general Lott durante a campanha afirmou que seu candidato a vice seria Oswaldo Aranha. Mas Aranha faleceu no mês de abril de 60, deixando espaço para o retorno de Goulart. Se Aranha não tivesse morrido Jango, não poderia ser vice mais uma vez.
Mas isso tudo foi ontem. Hoje o embate entre os postulantes ainda não entusiasmou o eleitorado. O que deve mudar mais à frente, mas até agora não mudou.
SETE PRÊMIOS – Hamilton Ribeiro, testemunha da história moderna, como é o caso dos que passaram a faixa dos 70 anos, marca sua presença no jornalismo e na história pela conquista de 7 prémios Esso que lhes foram conferidos por reportagens publicadas na imprensa.
Vamos ver se a partir dessa semana a corrida eleitoral desperta finalmente o entusiasmo de 147 milhões de brasileiros e brasileiras aptas a votar a 7 e 28 de outubro.
Um fato capaz de iluminar a disputa está na pesquisa que Marcio Godoi e José Maria Tomazelli focalizaram na edição de ontem de O Estado de São Paulo: Bolsonaro passou à frente de Alckmin na cidade de São Paulo.

27 de agosto de 2018
Pedro do Coutto

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