"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

PT CONTINUA PRESO A LULA E NÃO CONSEGUE APRESENTAR UMA IDÉIA PARA O PAÍS


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Charge do Jota A (O Dia/PI)
Pouco antes de ser preso, numa das cenas da narrativa épica em que tentou transformar o que, na verdade, era uma derrota sem precedentes, Lula cunhou a frase segundo a qual não era mais uma pessoa, mas uma ideia. Passados mais de dois meses de sua prisão, não houve comoção nacional, minguou a vigília, as tentativas de levar a sua soltura fracassam uma a uma e o PT, seu partido, segue preso à pessoa de Lula, sem uma única ideia a apresentar ao País.
Os debates presidenciais já começaram, a despeito do calendário eleitoral oficial ter sido propositalmente empurrado para a frente. Pré-candidatos reais e figurativos se revezam em encontros com associações, entrevistas e sabatinas de imprensa e ocupam as redes sociais com estratégias políticas e esboços de propostas.
AS PROPOSTAS – Instados por jornais, portais, rádio e emissoras, expõem aos eleitores ainda muito céticos suas propostas para temas cruciais para o Brasil, como reforma da Previdência, reforma tributária, educação, segurança pública e ajuste fiscal.
O PT, por vontade própria, insiste em se ausentar deste debate. O partido que venceu as quatro últimas eleições presidenciais no País não consegue formular um programa com o qual se apresentar de novo ao eleitor depois do impeachment de Dilma Rousseff e da prisão de seu maior líder.
O PT insiste “ad infinitum” na tese segundo a qual foi vítima de um golpe envolvendo o Supremo Tribunal Federal, as duas Casas do Congresso, quase todos os partidos, a imprensa, as demais instâncias do Judiciário, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e quantas mais instituições houver. Haja perseguição!
SEM PROJETO – Os principais parlamentares petistas se abstêm de exercer seus mandatos, debater os projetos em pauta e os grandes temas nacionais. Se revezam na tribuna, nas visitas à carceragem de Curitiba e nas redes sociais com a mesma cantilena de #LulaLivre, sem perceber que esse discurso está restrito cada vez mais aos já convertidos e não terá o condão de dar ao partido um plano de futuro.
Diretamente do cárcere, Lula insiste em se fazer onipresente, não hesitando em atar o destino do partido que fundou ao seu próprio. Segura o quanto pode uma escolha que, dia após dia, se mostra irrefutável. O PT terá de escolher outro candidato, pois a candidatura de Lula será barrada pela Lei da Ficha Limpa, que ele próprio sancionou quando era presidente.
Escolher entre Fernando Haddad e Jaques Wagner implica definir por estratégias, estilos e discursos diferentes. As alianças possíveis a partir da nomeação de um ou de outro são distintas, pela característica de cada um.
IMPASSE – Alheio a isso, o partido segue como um assistente da defesa do ex-presidente, atando seu destino aos sucessivos e malsucedidos recursos para tentar tirá-lo da prisão.
A absolvição de Gleisi Hoffmann na semana que passou deu ao partido um alento de que a mesma Segunda Turma relaxaria a prisão de Lula. Mas ele durou só até sexta, quando duas notícias acabaram com a euforia petista: no mesmo dia, o TRF-4 negou a admissão de recurso extraordinário da defesa ao STF (o que fez o ministro Edson Fachin retirar um pedido da defesa da pauta de terça) e homologou a delação de Antonio Palocci.
Essas decisões mostram que, a despeito da tentativa petista de negar o que amplas e fartas investigações já comprovaram, a Justiça seguirá seu caminho. Resta ao partido optar entre acertar contas com esse passado recentíssimo – que legou ao País recessão e um escândalo de corrupção sem precedentes – e tentar engendrar algum futuro ou seguir preso a Lula. A opção, até aqui, parece ser a segunda.

25 de junho de 2018
Vera Magalhães
Estadão de S.Paulo

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