"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

PODE DEFECAR NA TOGA, ARNALDO?



Se o épico locutor Galvão Bueno perguntar: “Pode defecar na toga, Arnaldo Cezar Coelho?”... O famoso comentarista de arbitragem da Rede Globo certamente responderia: “A regra é clara! Magistrado não pode cagar regra, e nem defecar na toga”... E se o Mário Vianna, “juiz do povo” da velha Rádio Globo fosse chamado para avaliar a recente atuação da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, fatalmente berraria: “Eeeeeeeeerrrrrrrrrouuuuu”...

A regra é clara! A falha é ainda mais imperdoável quando o erro de julgamento é cometido pela mais Alta Corte tupiniquim. Soltar José Dirceu e perdoar a máfia da merenda escolar de São Paulo tornou a situação tão gravíssima que talvez seja o caso até de o povo brasileiro apelar para um árbitro de vídeo... Será que alguém se habilita lá no Forte Apache – o Quartel General do Exército, em Brasília? Melhor nem perguntar...

A 2ª turma do STF se superou... Ontem, José Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski tomaram decisões que envergonhariam o mais vidiota árbitro de vídeo da Fifa. Com o voto contrário de Edson Fachin – e aproveitando a providencial ausência do decano ministro Celso de Mello -, o trio mandou soltar o ilustre stalinista do Mensalão e do Petrolão José Dirceu de Oliveira e Silva e outro famoso personagem apenas do Mensalão, João Cláudio Jenu – que nega ter sido tesoureiro do Partido Progressista...

Vamos ligar o VAR da Fifa para analisar a última sessão do STF antes do bondoso recesso de meio do ano do Judiciário... Como é que pode soltar Dirceu, se ele foi condenado em segunda instância pela Lava Jato? Como é que pode libertar o Zé, se o plenário do STF já decidiu que a execução da pena pode ser cumprida após decisão colegiada em segunda instância? Anistiado no Mensalão, Dirceu estava preso desde junho, depois de confirmada a condenação a 30 anos e nove meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Lava Jato...

Ex-petista e ex-subordinado de Dirceu, o ministro José Dias Toffoli concedeu um habeas corpus de ofício suspendendo a execução da pena de Dirceu. A mesma “regra” valeu para Jenu... O juridiquês foi de fazer inveja a um juiz de futebol de várzea: “A plausibilidade dos recursos interpostos quanto à dosimetria da pena, eu concedo ordem de habeas corpus de ofício para excepcionalmente suspender a execução da provisória da pena imposta ao reclamante até que, nos moldes da compreensão que firmei no HC 152752, o Superior Tribunal de Justiça decida sobre o recurso”.

Quem não entendeu nada (além de nós, os ignorantes) foi o ministro Luiz Edson Fachin... Tanto que ele pediu vista... O relator da Lava Jato no STF avaliou que a decisão de Toffoli estava indo contra a decisão do Supremo que autoriza a execução da pena após condenação em segunda instância... Mesmo assim, no que parecia um jogo combinado, Toffoli atendeu a um pedido dos defensores de Dirceu e Janu para que eles ficassem livres até a devolução do caso por Fachin para a conclusão da análise... Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski acompanharam Toffoli...

Outra decisão polêmica da 2ª turma do STF beneficiou um famoso casal petista. O trio Toffoli, Gilmar e Lewandowski também anulou as provas da Operação Custo Brasil - que investigou suspeitas de corrupção no Ministério do Planejamento na época em que por lá reinava Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann. O STF decidiu que não valem as provas encontradas no apartamento da petista. Os ministros alegaram que a ordem para revista não poderia ter sido dada por um juiz de primeira instância. O STF instituiu o “foro privilegiado do apartamento funcional”... O ministro Edson Fachin, derrotado, ficou muito pt da vida...

Mais uma togada suprema? O beneficiado foi um dos mais poderosos membros da cúpula tucana de São Paulo. O Supremo mandou arquivar o processo contra o deputado estadual e ex-presidente da Assembléia Legislativa Fernando Capez – investigado por suposta participação na Máfia da Merenda. O caso corria no Tribunal de Justiça de São Paulo. A acusação era de que a campanha de Capez em 2014 fora abastecida com recursos desviados por uma cooperativa na venda superfaturada de suco de laranja para as escolas...

Uma coincidência chamou a atenção na suprema decisão a favor de Capez. O irmão do deputado, o juiz Rodrigo Capez, figurava até 31 de maio como “colaborador” do gabinete do ministro Dias Toffoli. O ministro, inclusive, é autor de um pósfácio de um livro publicado por Rodrigo Capez em 2017... Até aí, morreu Tancredo Neves... Toffoli não se julgou impedido de analisar o caso Capez... Da mesma forma como nunca se julgou impedido de julgar seu ex-chefe José Dirceu... Portanto, como diria a turma do Forte Apache, as instituições continuam funcionando normalmente... Não precisa apelar ao árbitro de vídeo...

O melhor é esquecer tudo isso e torcer pela Seleção da CBF em dia de jogo decisivo... Aliás, para aumentar a alegria do povo, os caríssimos pedágios de São Paulo estão subindo, em média, 30 centavos, ou muito mais... Tomara que o eleitor se lembre disto na hora do voto... Mas antes que a dedada na urna de resultado inconfiável aconteça, Vpériod, Bruzundanga!

Quem sabe, depois do recesso judiciário, em agosto, o STF resolva libertar Luia Inácio Lula da Silva... Infelizmente, no Brasil, a regra nunca é clara – a não ser no bordão do Arnaldo Cezar Coelho... Aqui, tudo pode acontecer graças ao regramento excessivo que permite o rigor seletivo... Pune um, poupa o outro, em situações parecidíssimas... Novamente, não adiante chamar o árbitro de vídeo... Aqui, a impunidade é vidiota...

“O negócio é levar vantagem em tudo, certo?”... Continua valendo a famosa “Lei de Gérson”, que estigmatizou o craque “Canhotinha de Ouro” no inesquecível comercial do cigarro Vila Rica, na distante década de 70 do século passado... Vpériod, Bruzundanga! Salve a Seleção! E salve a impunidade!



Eeeeeeerrrrrrroooooouuuuuu!

No tempo em que não havia árbitro de vídeo, quem brilhava era Mário Vianna (com dois ennes”)... Ele brilhou na Rádio Globo e na Rádio Guanabara. Mas existe este áudio raro, do Palmeiras e Corinthians de 14 de dezembro de 1963, narrado por Flávio Araújo, na Rádio Bandeirantes. Nele se pode escutar o famoso “errou” (com vários erres), marca registrada do Titio Mário Vianna...

Salve a Seleção

Todos os gols da Seleção Brasileira na Copa de 1970 narrados pelos mestres Jorge Curi (Rádio Nacional) e Waldir Amaral (Rádio Globo), incluindo também o famoso "Brasil!" do não menos brilhante Edmo Zarife.

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!


29 de junho de 2018
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. 

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