"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 15 de março de 2018

DOIS MISTÉRIOS: AS CONTAS BANCÁRIAS DE TEMER E A PRESSÃO SOBRE CÁRMEN LÚCIA


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Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)
São dois assuntos importantes, instigantes e inquietantes – as contas bancárias do presidente Michel Temer e possibilidade de prisão do ex-presidente Lula da Silva. A imprensa insiste nas duas pautas, devido à invulgar relevância, mas não há a menor novidade em nenhuma das questões. Temer jamais cumprirá a promessa de conceder à imprensa “acesso total” às suas contas bancárias. Da mesma forma, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, não cederá às pressões para colocar em pauta as ações e os recursos que podem evitar a prisão de Lula.
Os jornalistas se esforçam, pressionam os assessores do Planalto e do Supremo, mas nada conseguem extrair, porque os dois assuntos estão engavetados até segunda ordem, como se diz no linguajar dos militares.
DESCULPAS – Conforme já explicamos aqui, Temer jamais revelará suas contas bancárias, porque a evolução indica acumulação inexplicada, que é sinônimo de enriquecimento ilícito. De 2010 a 2014, suas aplicações financeiras cresceram 150% e só há duas explicações: ou Temer é um gênio das finanças ou entrou dinheiro novo em seus investimentos, que são bastante ortodoxos, não envolvem risco e rendem pouco.
Para escapulir da impensada promessa de dar “acesso total” às suas contas, Temer tenta encontrar uma justificativa aceitável, mas não consegue. Suas desculpas são ridículas, tipo: 1) constrangimento com a “exibição de contas familiares”2) preocupação em não expor as filhas3) necessidade de explicar operações envolvendo velhos amigos como o advogado José Yunes e o coronel João Batista Lima 4) Não é possível divulgar as contas, porque o inquérito no Supremo corre sob sigilo judicial5) Temer não se lembra de alguns cheques de pequeno valor que passou e de alguns depósitos que recebeu.
Acredite se quiser, estas são as explicações “oficiais” do Planalto, transmitidas à repórter Andréia Sadi, da GloboNews. Cada uma dessas desculpas esfarrapadas merece disputar a Piada do Ano. Se forem apresentadas ao mesmo tempo, se tornam imbatíveis pelo “conjunto da obra”.
PRESSÃO NO STF – Quanto à permanente pressão sobre a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia,  é novela de capítulos diários, mas sem o menor impacto, porque o resultado tem sido inverso — quanto mais aumentam a pressão, mais fortalecem a disposição de manter fora de pauta qualquer ação ou recurso que possa impedir que Lula seja preso, exceto o habeas corpus a ser apresentado caso o juiz Moro realmente decrete a prisão do ex-presidente.
Nesta quarta-feira, dia 14, houve nova tentativa de pressionar a presidente do Supremo, Cármen Lúcia. O advogado Sepúlveda Pertence, ex-presidente do Supremo, pediu audiência e foi recebido pela ministra, em respeito ao que determina o Estatuto da Advocacia.
O ilustre causídico saiu de mãos abanando. A pressão não teve sucesso, mas Pertence aproveitou para dar uma entrevista coletiva e curtir seus 15 minutos de fama, como dizia o genial Andy Warhol. 
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P.S. – E, assim, a prisão de Lula e as contas bancárias de Temer continuaram a ser os principais mistérios da atualidade, sem que haja a menor possibilidade de serem esclarecidos com a rapidez que a opinião pública exige. (C.N.)


15 de março de 2018
Carlos Newton

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