"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O SINCERICÍDIO DE JUCÁ AJUDA TEMER A SE LIVRAR DE NOVOS VEXAMES

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Jucá sempre avisa quando Temer vai se dar mal
Não há político mais sincero do que Romero Jucá. No ano passado, ele resumiu os motivos que levaram o PMDB a embarcar na aventura do impeachment. Enquanto colegas simulavam indignação com as pedaladas fiscais, o senador foi ao ponto: “Tem que mudar o governo pra estancar essa sangria”.
Agora deve-se a Jucá o fim de outra conversa fiada. Falando mais do que devia, o líder do governo admitiu que a Reforma da Previdência não será votada neste ano. Na melhor hipótese, ficará para fevereiro. Isso até alguém lembrar que o Carnaval vai cair mais cedo em 2018…
CANASTRÕES – A inconfidência do senador encerrou um teatro encenado por muitos atores, todos com pinta de canastrão. Michel Temer fingiu ter votos para mexer nas aposentadorias. Os partidos aliados fingiram estar dispostos a ajudá-lo. O mercado fingiu acreditar nas contas dos políticos.
Num dos atos mais toscos da peça, o PSDB anunciou o “fechamento de questão” a favor da reforma. Ao mesmo tempo, informou que ninguém será punido se contrariar a ordem do partido. Ou seja: cada tucano está livre para votar como quiser.
SUAR A CAMISA –  Um presidente forte já teria que suar a camisa para aprovar a proposta. É difícil convencer os outros a trabalhar mais e receber menos no futuro, especialmente se você tiver se aposentado pelo teto aos 55 anos. A tarefa ganhou ares de missão impossível depois dos grampos da JBS. Temer salvou o mandato, mas ficou sem capital político para exigir novos sacrifícios aos deputados, que já estão em campanha pela reeleição.
Nos últimos dias, o presidente ainda tentou vender ilusões. Na terça-feira, ele marcou uma solenidade para exibir apoio dos empresários. Foi traído pelas cadeiras vazias no Palácio. À noite, o repórter Daniel Carvalho ouviu o presidente do Senado confidenciar que “não vota Previdência porra nenhuma”.
O sincericídio de Jucá não resolve os problemas de Temer, mas deve livrá-lo de novos vexames – pelo menos até o Natal.

15 de dezembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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