"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O TRONO DE WILLIAM E A INVENÇÃO DE GUTENBERG


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Ilustração reproduzida do Arquivo Google
Velhinho miúdo de cabeça grande e longos cabelos e bigodes brancos, ele não nasceu em Estrasburgo. Nasceu perto, do outro lado do Reno, na Alemanha, onde o Meno se encontra com o Reno, em Mainz, que portugueses, espanhóis, italianos chamam de Mogúncia. Nasceu em 1400 e também não morreu em Estrasburgo, mas na sua Mainz, em 1468.
Mas é em Estrasburgo, à beira do Reno, na maravilhosa cidade, que já foi romana, germânica, alsaciana, francesa, alemã, de novo francesa e ocupada quando Hitler ocupou a França, que está seu trono, todo em bronze, no meio da praça, sobre um pedestal, segurando uma página de sua primeira Bíblia: – “Et la lumière fut”. “E a luz se fez”.
E Gutenberg iluminou para sempre a humanidade, criando a imprensa.
PERSEGUIDO –  Como geralmente acontece com a imprensa, Gutenberg sempre perseguido. Viveu correndo entre Mainz (Mogúncia) e Estrasburgo. Operário modesto, empregado nos fundos do palácio do arcebispo, começou a fazer pesquisas, tomou dinheiro emprestado, que não pagou, e por isso foi perseguido. Um dia inventou uma maquina tosca que acabou derrubando todo o império da Igreja Medieval.
É arrepiante entrar na pequena oficina, lá da sua Mainz (Moguncia), em que ele pesquisou 25 anos seguidos, para afinal, em 1432, 500 anos antes de eu nascer, editar pela primeira vez uma página impressa. Nos mais mínimos detalhes, foi criando um a um os tipos gráficos, fazendo a composição à mão, inventando a prensa de imprimir. Ameaçado por motivos políticos, fugiu de Estrasburgo e trabalhou como ourives.
BIBLIA DE MOGÚNCIA – De volta a Mainz em 1448, em 1455 terminava a primeira edição de um livro : a Bíblia, que por isso se chama a “Biblia de Mogúncia”. Apesar disso, de escolher a Bíblia para primeira obra impressa, acabou novamente perseguido. Tomaram-lhe os exemplares impressos, expulsaram-no do palácio, prenderam-no, alegando que não havia pago as dívidas.
Na verdade, a nobreza e o clero medieval sabiam que ali estava o fim de seu Império de mil anos. Gutenberg, o velhinho miúdo de cabeça grande, tinha dado à humanidade seu melhor pedaço de pão: a palavra impressa, onde ela poderia alimentar a liberdade de pensar e de existir.
Seu monumento é de 1840, quatro séculos depois de sua invenção. Numa cidade bem própria: além de belo e poderoso centro cultural, Estrasburgo é a capital política da Europa, sede do Conselho da Europa e do Parlamento Europeu. Em Bruxelas funciona o Poder Executivo da União Européia. Mas as decisões políticas, coletivas, são tomadas em Estrasburgo.
POLO CULTURAL – A França teve razão de lutar séculos por ela, disputando-a com a Alemanha. Estrasburgo é contemporânea da humanidade. Desde a Idade de Bronze já lá morava uma comunidade de pescadores. Conquistada pelos romanos, que a chamaram de “Argentoratum” (“cidade da prata”), no ano 12 antes de Cristo, logo virou posto militar para vigiar as tribos germânicas.
Conta a historiadora Annamaria Giusti: – “Na Idade Media, a maior autoridade eram os bispos. Em 1262, foi liberada da tutela deles. Em 1300, construíram uma ponte sobre o Reno, para negociar madeira, vinho, algodão. No século 15, transformou-se numa Republica Livre, governada por um Conselho de Representantes. E logo aderiu à Reforma Protestante, virou polo cultural com a presença de pensadores, pregadores e perseguidos políticos da França, Itália, Suíça,etc”.
Toda minha solidariedade ao exemplar William Waack, também ele vítima do atraso como Gutenberg foi.

16 de novembro de 2017
Sebastião Nery

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