A mais famosa, querida e também odiada jornalista do país lançou no final de 2015 seu primeiro livro, “O Brasil tem Cura”. A escolha do título não poderia ser mais adequada, tanto pela assertividade da autora quanto pela situação de aparente desconsolo em que se encontra o país. Embora já tenhamos vivido tempos turbulentos em nossa política institucional e na economia, não houve outro período em que o país tenha passado por dificuldades tão graves como as de agora. E para piorar, o clima ruim é agravado por isto acontecer pouco após a ilusão de termos superado a pobreza e virado uma potência. Rachel cita as manifestações da doença atual brasileira, explica de forma resumida como ela foi se impondo e depois traz o seu diagnóstico.
O livro é sincero como a autora. Rachel é jornalista, não política. Seu sucesso profissional é resultado de suas opiniões, não de herança familiar ou contatos políticos. Sua ascensão se deu diante de todos, sem depender de bajulações. Num país em que há tanta promiscuidade entre jornalismo e política, é uma história virtuosa.
Somente uma jornalista livre das amarras ideológicas das faculdades e das carreiras normais de jornalismo poderia, em um mesmo livro, citar entre suas referências nomes como Nelson Rodrigues, Rui Barbosa, Olavo de Carvalho, Chesterton, Dom Estêvão Bettencourt, Margaret Thatcher e Ratzinger (Bento XVI).
Os problemas da doença brasileira são apresentados conforme os títulos dos capítulos: Violência, Impunidade, Legislação Falha, Educação (aprovação automática e cotas raciais), Maioridade Penal, Perseguição Religiosa – a Cristofobia e a crise de valores trazida pelo relativismo e manifestada na ideologia de gênero, no consumo de drogas e defesa do aborto.
Ligada à vida real, Sheherazade começa a citar os problemas do país pelo ponto mais relevante no rebaixamento da dignidade dos brasileiros: a criminalidade. Em três tópicos (Violência, Impunidade e Legislação Falha) retrata a calamidade provocada pela violência e traz exemplos de como nossos desvios institucionais pioram o país. Tida por inimiga do PT, seguidamente atacada por militantes de esquerda, Rachel já começa deixando-os com mais motivos para odiá-la ao usar os escândalos de corrupção petista como grandes demonstradores da “máquina de impunidade” no país. Nada melhor do que exemplificar essa tristeza do que falar do Mensalão, a Ação Penal 470. Várias falas de Joaquim Barbosa são usadas para mostrar como se arquitetou a surreal punição que recaiu com mais severidade sobre o operador usado pelo esquema – Marcos Valério – do que aos mentores, agilizadores e beneficiários de tudo – José Dirceu, Delúbio Soares, Jacinto Lamas, bispo Rodrigues, José Genoíno e, sem a necessidade de citação, Lula. A sentença é perfeita:
Geralmente, em favor da impunidades dos corruptos estão o prestígio, que garante o lobby positivo da imprensa; a defesa extrajudicial e extra-oficial de juristas renomeados; e também o dinheiro da corrupção, que banca os melhores advogados da praça…. Não é de estranhar que muitos acabem correndo o risco de trilhar o caminho da ilegalidade, pois o custo benefício entre o ato de corrupção e a chance de ser flagrado, processado e condenado faz com que o crime, lamentavelmente, compense.
Voltando às qualidades de independência política, somente alguém como Rachel Sheherazade poderia registrar em livro um problema grave e ignorado pelo mainstream brasileiro: a crescente ojeriza de determinadas elites ao cristianismo. Rachel mostra como cresce o desrespeito a religiosos travestido de discurso de tolerância à diversidade. É assim que valorizam atitudes criminosas de atores políticos quando são feitas sob o escudo de manifestações de minorias. E Rachel tem razão ao chamar isto de Cristofobia pois estas ações têm como alvo sempre os cristãos, jamais seguidores de outras religiões – algumas delas, de práticas abomináveis para a maioria dos brasileiros bons e normais, são até vistas como virtuosas por esta gente em nome do combate ao cristianismo.
Sempre de forma concisa, Rachel também busca no passado do Brasil possíveis origens para os outros problemas. ”Vamos refletir sobre alguns dos principais males que afligem nossa pátria, lembrando que eles não existem de modo isolado, mas são intimamente ligados, e têm, entre si, uma relação quase condicional, como se cada mazela dependesse da outra para existir e permanecer”. Ecoando, talvez sem intenções, Raymundo Faoro: “O próprio nascimento do país é fruto de um ato de violência”.
Ainda falando de nossos fantasmas do passado, lembra nossa tradição de abrigar marginais da pior estirpe mundial “Não à toa, esconderam-se neste refúgio carrascos nazistas como Josef Mengele e Gustav Wagner, o ditador paraguaio Alfredo Stroessner e o terrorista italiano Cesare Battisti”.
O livro tem momentos muito bem inspirados que, se seguidos pelos leitores, podem ajudar a mudar nosso cenário. Numa frase curta, traz a receita completa contra o espírito revolucionário ao lembrar que “toda mudança pessoal ou social passa, necessariamente pela busca da verdade. Conhecer a si mesmo é apenas o primeiro passo”. Como podemos observar no cotidiano e ao longo da história, os revolucionários sempre acreditam que a verdade, como tudo, é relativa e que toda mudança deve se abater sobre os outros em nome de suas utopias.
Outra parte digna de reprodução é a visão da autora sobre a prática política: “A prática política é como o sacerdócio, uma missão para aqueles homens e mulheres destinados a fazer a diferença no país, comprometidos, acima de tudo, com os interesses dos eleitores”. Mas como garantir que os interesses dos eleitores não serão mesquinhos, irresponsáveis e prejudiciais ao país? Ela explica: “E quando é que o eleitor muda? Quando passa a enxergar o país e o destino dos cidadãos como um compromisso de cada um. Quando reconhece que o coletivo é mais importante que o invidivudal e os benefícios para a nação são mais proveitosos que os privilégios pessoais”. Imagino que a parte final desta sentença deva causar grande alvoroço em alguns setores do antipetismo que têm no discurso individualista, que nasce de uma defesa da menor intervenção estatal e se transforma em oposição entre individualismo e coletivismo, um norte de ação política e filosofia.
Rachel Sheherazade é praticamente um milagre do nosso jornalismo e talvez a melhor novidade no meio em muitos anos. Sua estréia como escritora é excelente e recomendo a todos sem restrições, ainda mais por ser um livro de fácil assimilação e de preço bastante razoável. O seu lançamento se deu por uma editora de pouca presença em livrarias mas de boa penetração em bancas de jornal, o que deve ajudar a levá-lo a todos os cantos do país. Aliás, o lançamento de livro de uma figura tão notável como ela ser praticamente ignorado pela imprensa especializada é apenas mais uma evidência do quanto esta mãe de família, loira, paraibana e evangélica é um corpo estranho num meio viciado. Sem problemas quanto a isto: Rachel veio para falar aos sinceros e bons de coração, não a colegas de profissão e viciados no servilismo do conchavo.
15 de abril de 2017
reaçablog
O livro é sincero como a autora. Rachel é jornalista, não política. Seu sucesso profissional é resultado de suas opiniões, não de herança familiar ou contatos políticos. Sua ascensão se deu diante de todos, sem depender de bajulações. Num país em que há tanta promiscuidade entre jornalismo e política, é uma história virtuosa.
Somente uma jornalista livre das amarras ideológicas das faculdades e das carreiras normais de jornalismo poderia, em um mesmo livro, citar entre suas referências nomes como Nelson Rodrigues, Rui Barbosa, Olavo de Carvalho, Chesterton, Dom Estêvão Bettencourt, Margaret Thatcher e Ratzinger (Bento XVI).
Os problemas da doença brasileira são apresentados conforme os títulos dos capítulos: Violência, Impunidade, Legislação Falha, Educação (aprovação automática e cotas raciais), Maioridade Penal, Perseguição Religiosa – a Cristofobia e a crise de valores trazida pelo relativismo e manifestada na ideologia de gênero, no consumo de drogas e defesa do aborto.
Ligada à vida real, Sheherazade começa a citar os problemas do país pelo ponto mais relevante no rebaixamento da dignidade dos brasileiros: a criminalidade. Em três tópicos (Violência, Impunidade e Legislação Falha) retrata a calamidade provocada pela violência e traz exemplos de como nossos desvios institucionais pioram o país. Tida por inimiga do PT, seguidamente atacada por militantes de esquerda, Rachel já começa deixando-os com mais motivos para odiá-la ao usar os escândalos de corrupção petista como grandes demonstradores da “máquina de impunidade” no país. Nada melhor do que exemplificar essa tristeza do que falar do Mensalão, a Ação Penal 470. Várias falas de Joaquim Barbosa são usadas para mostrar como se arquitetou a surreal punição que recaiu com mais severidade sobre o operador usado pelo esquema – Marcos Valério – do que aos mentores, agilizadores e beneficiários de tudo – José Dirceu, Delúbio Soares, Jacinto Lamas, bispo Rodrigues, José Genoíno e, sem a necessidade de citação, Lula. A sentença é perfeita:
Geralmente, em favor da impunidades dos corruptos estão o prestígio, que garante o lobby positivo da imprensa; a defesa extrajudicial e extra-oficial de juristas renomeados; e também o dinheiro da corrupção, que banca os melhores advogados da praça…. Não é de estranhar que muitos acabem correndo o risco de trilhar o caminho da ilegalidade, pois o custo benefício entre o ato de corrupção e a chance de ser flagrado, processado e condenado faz com que o crime, lamentavelmente, compense.
Voltando às qualidades de independência política, somente alguém como Rachel Sheherazade poderia registrar em livro um problema grave e ignorado pelo mainstream brasileiro: a crescente ojeriza de determinadas elites ao cristianismo. Rachel mostra como cresce o desrespeito a religiosos travestido de discurso de tolerância à diversidade. É assim que valorizam atitudes criminosas de atores políticos quando são feitas sob o escudo de manifestações de minorias. E Rachel tem razão ao chamar isto de Cristofobia pois estas ações têm como alvo sempre os cristãos, jamais seguidores de outras religiões – algumas delas, de práticas abomináveis para a maioria dos brasileiros bons e normais, são até vistas como virtuosas por esta gente em nome do combate ao cristianismo.
Sempre de forma concisa, Rachel também busca no passado do Brasil possíveis origens para os outros problemas. ”Vamos refletir sobre alguns dos principais males que afligem nossa pátria, lembrando que eles não existem de modo isolado, mas são intimamente ligados, e têm, entre si, uma relação quase condicional, como se cada mazela dependesse da outra para existir e permanecer”. Ecoando, talvez sem intenções, Raymundo Faoro: “O próprio nascimento do país é fruto de um ato de violência”.
Ainda falando de nossos fantasmas do passado, lembra nossa tradição de abrigar marginais da pior estirpe mundial “Não à toa, esconderam-se neste refúgio carrascos nazistas como Josef Mengele e Gustav Wagner, o ditador paraguaio Alfredo Stroessner e o terrorista italiano Cesare Battisti”.
O livro tem momentos muito bem inspirados que, se seguidos pelos leitores, podem ajudar a mudar nosso cenário. Numa frase curta, traz a receita completa contra o espírito revolucionário ao lembrar que “toda mudança pessoal ou social passa, necessariamente pela busca da verdade. Conhecer a si mesmo é apenas o primeiro passo”. Como podemos observar no cotidiano e ao longo da história, os revolucionários sempre acreditam que a verdade, como tudo, é relativa e que toda mudança deve se abater sobre os outros em nome de suas utopias.
Outra parte digna de reprodução é a visão da autora sobre a prática política: “A prática política é como o sacerdócio, uma missão para aqueles homens e mulheres destinados a fazer a diferença no país, comprometidos, acima de tudo, com os interesses dos eleitores”. Mas como garantir que os interesses dos eleitores não serão mesquinhos, irresponsáveis e prejudiciais ao país? Ela explica: “E quando é que o eleitor muda? Quando passa a enxergar o país e o destino dos cidadãos como um compromisso de cada um. Quando reconhece que o coletivo é mais importante que o invidivudal e os benefícios para a nação são mais proveitosos que os privilégios pessoais”. Imagino que a parte final desta sentença deva causar grande alvoroço em alguns setores do antipetismo que têm no discurso individualista, que nasce de uma defesa da menor intervenção estatal e se transforma em oposição entre individualismo e coletivismo, um norte de ação política e filosofia.
Rachel Sheherazade é praticamente um milagre do nosso jornalismo e talvez a melhor novidade no meio em muitos anos. Sua estréia como escritora é excelente e recomendo a todos sem restrições, ainda mais por ser um livro de fácil assimilação e de preço bastante razoável. O seu lançamento se deu por uma editora de pouca presença em livrarias mas de boa penetração em bancas de jornal, o que deve ajudar a levá-lo a todos os cantos do país. Aliás, o lançamento de livro de uma figura tão notável como ela ser praticamente ignorado pela imprensa especializada é apenas mais uma evidência do quanto esta mãe de família, loira, paraibana e evangélica é um corpo estranho num meio viciado. Sem problemas quanto a isto: Rachel veio para falar aos sinceros e bons de coração, não a colegas de profissão e viciados no servilismo do conchavo.
15 de abril de 2017
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