"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

13 ANOS DEPOIS, NEW YORK TIMES ATACA BUSH E BLAIR PELA GUERRA CONTRA O IRAQUE


A opinião pública sabe o que Bush e Blair fizeram no Iraque

Parece que foi muito tempo atrás, e em um mundo muito, muito distante, que George W. Bush , Dick Cheney e Donald Rumsfeld, entusiasticamente apoiados por Tony Blair, foram para a guerra com o Iraque. Treze anos mais tarde, depois de estudos e livros volumosos e onda após onda de terríveis consequências, ao que parece não há dúvida de que esses líderes criaram um falso argumento para invadir o Iraque, com sua totalmente mal administrada ocupação.

No entanto, agora um relatório longo, e produzido com longo atraso britânico para o papel que a Grã-Bretanha exerceu na guerra. O relatório da Comissão de Inquérito Oficial sobre o Iraque, independente, liderado por John Chilcot, foi publicado, reabrindo feridas e forçando o Sr. Blair a vir de volta aos holofotes para defender por que, apesar de tanta evidência e aconselhamento contra a adesão e entusiasmo equivocado do governo Bush para invadir o Iraque, ele escolheu como primeiro-ministro lançar o seu total apoio à América.

Mensagem do Sr. Blair a Bush na época – “Eu estarei com você, onde você estiver” – pulam agora para fora, dolorosamente, 2,6 milhões de palavras do relatório, proclamando uma lealdade cega que a guerra do Iraque só ajudou a corroer, e que parece especialmente arcaico agora que o voto da Grã-Bretanha para deixar a União Europeia tenha levantado dúvidas sobre o seu papel na OTAN e seu lugar como mais próximo aliado europeu da América.

BLAIR CONTINUA O MESMO – Os críticos de Blair chegam a estar decepcionados que, em resposta ao relatório Chilcot, ele continuou a defender suas ações. “Eu acredito que nós tomamos a decisão certa e que o mundo está melhor e mais seguro, como resultado disso”, disse ele, que parece deliberadamente cego para o caos atual no Iraque e mais além. No entanto, se ele não confessar que errou em sua decisão, ele reconheceu o peso da decisão: “Não há um único dia que passa que eu não pense sobre isso.”

Seu apelo para a compreensão do contexto em que ele fez sua decisão de ficar com os Estados Unidos, invocando a confusão e a necessidade de ação depois dos ataques terroristas de 9/11, parece tragicamente insuficiente e de menosprezo com tantas vidas perdidas – mais de 200 britânicos, pelo menos 4.500 americanos e mais de 150.000 iraquianos, a maioria civis – e muito dinheiro passou a processar uma guerra que foi construída com falsidades.

DECISÃO TOLA – Embora não tenha havido consequências para o próprio Sr. Blair, o julgamento político dos britânicos tem sido decisivo, tornando a guerra do Iraque como uma mácula na definição sobre Blair com 10 anos no cargo.

O relatório não deve ser lido como uma acusação única sobre a decisão tola de Blair. Embora os Estados Unidos não tenha sido objeto do inquérito, foi a administração Bush que falsamente vendeu e lançou a invasão. Não houve, inquérito oficial abrangente comparável em Washington por investigadores independentes sobre a origem e a política da fatídica decisão de ir à guerra. Anos se passaram, mas o público, nos Estados Unidos e no exterior, ainda anseia pela verdade plena e merece uma investigação americana na escala da Comissão 9/11.

Dada a divisão partidária em Washington, no entanto, é difícil acreditar que um exercício semelhante iria produzir algo remotamente desapaixonado ou honesto. E ainda é os Estados Unidos, muito mais do que a Grã-Bretanha, que precisa entender que como política nacional, não pode ser sequestrado por mentiras, de modo a haver menor chance que isso vá acontecer novamente.
(texto enviado pelo comentarista Ednei Freitas)



08 de julho de 2016
Deu no New York Times
in aluizio amorim


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