"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

É A POPULAÇÃO QUEM PAGA AS DÍVIDAS DOS GOVERNOS E DAS EMPRESAS DO PAÍS



Charge do Dum (reprodução do jornal Hoje em Dia)



















Esta verdade transparece nas reportagens de Cleide Carvalho, Renato Onofre, Bárbara Nascimento, Martha Beck, Catarina Alencastro, Eduardo Barreto e Marcelo Correa, na edição de terça-feira de O Globo. Lendo-as com atenção, verifica-se que os textos se completam e convergem para um contexto absolutamente lógico, de que não pode existir débito sem crédito, tampouco pode haver crédito sem débito. O dinheiro que vai para as mãos de alguém saiu do bolso de outros.
Vamos por etapas. A dívida do governo federal, de acordo com dados do Banco Central, neste site publicados por Wagner Pires, alcança 2,8 trilhões de reais. Por eles, o governo paga juros anuais de 14,25% para sua rolagem, já que o resgate é impossível. A Odebrecht e a Cervejaria Petrópolis criaram juntas um banco com ramificações diversas no exterior com a finalidade de transferir recursos originários da corrupção na Petrobrás.
Ao mesmo tempo, a Petrópolis recebeu do Estado do Rio de Janeiro incentivos fiscais no valor de 687 milhões de reais.
DÍVIDAS ESTADUAIS – Enquanto isso, o governo Michel Temer, através do ministro Henrique Meirelles, renegociou o vencimento das dívidas estaduais para com a União. Os cinco principais devedores – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná – totalizaram compromissos da ordem de 433 milhões.
Como se constata, a roda não para de girar. Mas quem, no fundo, paga a conta? A população, ou todos nós, está sendo tachada não só pelos impostos, mas também pela prestação deficiente dos serviços públicos, pela falta de saneamento, pela violência, pela favelização cada vez maior e pela perda dos salários na corrida contra a inflação e, neste caso, temos que acrescentar os efeitos nocivos do desemprego.
RECURSOS DEVORADOS – Somente a OI, empresa de telefonia, deve 65 bilhões de reais e está pedindo recuperação judicial, como informaram na mesma edição de O Globo os repórteres Daniele Nogueira, Ramona Ordonez e Renan Setti. Recursos são devorados por diversas fontes de sucção, grande parte encontra-se em agências bancárias internacionais. Flávio José Bortolotto, creio, poderá identificar outros endereços e a forma de serem localizados por correspondência.
O fato é que os prejuízos são enormes. E os números de hoje não são suficientes para calculá-los. Eles se repetem e multiplicam por décadas a fio, enquanto os contribuintes que sempre pagam as contas ficam com os prejuízos dos rombos causados e dos negócios mal privatizados, um processo normal, é claro, quanto a este caso.
O POVO PAGA – O que não está correto, e não pode dar resultado positivo, é remeter as contas dos delírios, roubos, falsificações e fracassos para o nosso bolso. O bolso de quem trabalha por salário e que, além de enfrentar ao mesmo tempo, o Imposto de Renda e a inflação, ainda por cima é cobrado pelos efeitos da corrupção que assaltou o Brasil especialmente na década que se estende no tempo e no espaço político, abalando as instituições e transferindo ao Poder Judiciário as decisões para cobrir o vazio principalmente criado por omissões sucessivas diante de escândalos comprovados pela imprensa e transmitidos à opinião pública e consolidados na consciência nacional.
Chega de pagar as contas e de descompromissos de corruptos e corruptores que habitam os corredores das finanças públicas e do nosso dinheiro.

22 de junho de 2016
Pedro do Coutto

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