"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

TEMER LEMBRA BRASIL x URUGUAI, EM 1950, E FHC EM 1985

TEMER LEMBRA BRASIL X URUGUAI EM 1950, E FHC EM 1985


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Os quatro maiores e mais importantes jornais do país, O Globo (reportagem de Letícia Fernandes), Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e o Valor, nas suas edições de terça-feira, publicaram com grande e merecido destaque a gravação divulgada para os deputados do PMDB pelo vice Michel Temer como se ele estivesse assumindo a presidência da República no lugar de Dilma Rousseff. Ou seja, dando antecipadamente a aprovação do impeachment como certa.
Foi um erro. Confesso que, na minha opinião, o vice cantou  vitória antes do tempo. O episódio, muito bem analisado por Letícia Fernandes, remete a duas decisões ocorridas no passado, que deveriam servir de lição para o presente e eternamente para o futuro. Não considerar uma perspectiva, por mais viável que seja, um tema liquidado antes do tempo.

Aconteceu a 15 de julho de 1051, véspera da decisão da Copa do Mundo de 50, a primeira após guerra, no Maracanã, Estádio Mário Filho. A seleção brasileira era franca favorita. Havia, nas semifinais da época, goleado a Espanha por 6X1 e a Suécia por 7X1. O Uruguai empatara com a Suécia, 2X2 e vencera a Espanha por 3X2. Eu tinha 16 anos e assisti à partida. Fiquei vacinado contra derrotas e vitórias antes da hora. Decisão possui um clima próprio. O jogo de futebol só se vence no campo.
E FHC EM 1985?
Mas, no título, citei Fernando Henrique Cardoso. Exatamente. Aconteceu nas eleições para prefeito da cidade de São Paulo, em 85. FHC enfrentava Jânio Quadros. Pesquisas na semana final da campanha o apontavam como favorito. Perdeu nas urnas. Cometeu o erro de anunciar a vitória antes do tempo. Foi fotografado pela Folha de São Paulo, sentando na cadeira do prefeito. Jânio Quadros ironizou o episódio. Há outro antecedente.
Aconteceu nas eleições presidenciais americanas de 48. Harry Truman, que assumiu a Casa Branca em 45 na morte de Roosevelt, disputava a reeleição contra o republicano Thomas Wilkes. Um jornal, no dia do  pleito, manchetou sua edição apontando a vitória de Wilkes. No dia seguinte, sorrindo, Truman foi fotografia de primeira página exibindo a também primeira página da véspera.
Michel Temer errou. E muito. Sua atitude pode inclusive tê-lo levado à derrota no propósito, agora totalmente exposto, de suceder Dilma Rousseff, depois de com ela eleger-se duas vezes – vale acentuar. Mas esta é outra questão que escapa do universo político.
ERRO TÁTICO
Não adianta cobrar-se coerência, lealdade ou gratidão, valores fixos, enquanto a política é móvel como a nuvem. Não estou antevendo, muito menos profetizando o resultado da votação marcada para ter desfecho no próximo domingo.
Estou apenas assinalando um erro tático cometido por Temer, no qual revelou ansiedade por um resultado que poderá conduzi-lo ao Planalto.
Poderá. Porque é importante ler o artigo 86 da Constituição Federal. As oposições têm que conseguir os 342 votos previstos. Não é tarefa fácil. O número de indecisos é alto. Mas não somente isso. Para que Dilma seja afastada dp poder pelo prazo de 180 dias é também necessário que o Senado por maioria simples, aceite julgá-la. Se emergirem os 342 votos, será difícil a Câmara Alta rejeitar o julgamento. É verdade.
Mas tal constatação não absolve Michel Temer do erro que cantar vitória antes do tempo.

13 de abril de 2016
Pedro do Coutto

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