Um amigo aposentado foi ao banco e pegou um daqueles empréstimos fáceis providos pelo governo. Os descontos das parcelas foram feitos, com os juros devidos e a conta zerou. Aí fez novo empréstimo. Fácil. No fim do mês notou que o banco continuava descontando em dobro, como se a primeira conta não estivesse paga.
Reclamou, o gerente disse “vou ver”, no mês seguinte “estou vendo, paciência”, depois veio uma desculpa e mais enrolação. O lesado buscou um advogado e entrou com um pedido de cobrança judicial, fundamentada, documentada com recibos, movimentação da conta, argumentos sobre perdas e danos... Tudo foi burocraticamente processado durante mais de um ano.
Acabou o desconto do segundo empréstimo e... Surpresa! A rotina de descontos continuou. Mais um argumento somado ao processo de cobrança. Finalmente, depois de alguns anos, o juiz mandou o banco pagar tudo com juros e correção. Uma poupança forçada, mas a lei foi severa com a sacanagem bancária. Outra surpresa: o banco ignorou a ordem judicial e propôs “um acordo”, pagando uma parcela ínfima sobre o valor da imposição de direito.
As duas parcelas continuam sendo descontadas. O meu amigo espera o desfecho do rolo pra poder consertar o carro velho, comprar um liquidificador pra mulher, um quilo de costela e uma cerveja decente (que não seja de milho transgênico) pra comemorar a vitória de David contra Golias.
Bem a propósito, chegam da Europa portuguesa algumas lições decorrentes da reflexão sobre ladrões de banco bem organizados. Os bandidos armados tomaram o banco, um deles subiu numa mesa com uma metralhadora e gritou claramente em bom português:
- "Não se mexam! O dinheiro pertence ao banco, mas as vidas são vossas".
Imediatamente todas as pessoas se deitaram no chão em silêncio e sem pânico.
LIÇÃO 1: Uma frase pronunciada corretamente, no momento certo pode fazer com que toda gente mude sua visão de mundo.
Um dos assaltantes aproximou-se da mulher e disse:
- "Minha senhora, isto é um roubo ao banco e não uma sessão de estupro. Por favor, fique deitada com compostura.
LIÇÃO 2: Exemplar comportamento profissional e concentração no objetivo.
O ladrão mais jovem (com curso superior) cochichu para o mais velho (que tinha apenas o ensino secundário):
- "Olha lá, depois vamos contar a grana pra saber quanto rendeu a ação, não é?
O assaltante mais velho respondeu:
- "Não sejas estúpido! É um monte de dinheiro. Vamos esperar o Telejornal e aí descobrimos exatamente quanto dinheiro conseguimos roubar".
LIÇÃO 3: Em certos casos, a experiência de vida é mais importante do que uma educação superior.
Após o assalto, o gerente do banco disse ao caixa:
- "Vamos chamar a polícia e dizer quanto foi roubado".
- "Espere", disse o caixa "acrescentamos os 800 mil Euros que desviamos há alguns meses e dizemos que esse valor foi roubado no assalto de hoje”.
LIÇÃO 4: Este é um exemplo de como se deve tirar proveito das oportunidades.
No dia seguinte, as manchetes: Roubados 3 Milhões de Euros! Na divisão do roubo os ladrões contaram o dinheiro mas encontraram apenas 1 Milhão. Foi aí que um deles resmungou:
- "Nós arriscamos as nossas vidas por 1 Milhão enquanto a administração do banco rouba 2 Milhões sem correr riscos? Talvez o melhor seja trabalhar dentro do sistema bancário em vez de se arriscar a ir pra cadeia.”
LIÇÃO 5: O conhecimento pode ser mais útil do que o poder.
Moral da história:
1) Bandidos armados podem roubar um banco.
2) Banqueiros desarmados podem roubar toda a gente ...
31 de janeiro de 2016
alex montenegro
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