"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 24 de outubro de 2015

UM ANO DEPOIS




Duas vezes, esta semana, a presidente Dilma declarou “o compromisso  inarredável com a continuidade do Bolsa Família”. Assim respondeu à sugestão do relator do Orçamento, deputado Ricardo Barros, de cortar 10 bilhões de reais do programa como forma de enfrentar a crise econômica. Dá para acreditar?
Melhor deixar a promessa em suspenso, porque da reeleição até hoje, Madame descumpriu um monte de promessas eleitorais, a maior delas de que não reduziria os direitos trabalhistas. Reduziu, assim como cortou investimentos numa série de programas sociais.
A perda de credibilidade é tão nefasta para o governo quanto a perda de popularidade, ou melhor, uma é consequência da outra. Um ano depois de conquistar o segundo mandato, a presidente é outra. O Brasil também.  Fossem realizadas novas eleições neste segundo domingo de outubro e em vez de votos ela colheria rejeições.
Para permanecer no poder, Dilma “faria o diabo”. Fez. O resultado aí está: um governo envolto nas trevas do impeachment, condenado aos panelaços e demais manifestações de indignação nacional. Perdeu o apoio da opinião pública, da classe média, dos trabalhadores, do empresariado e da torcida do Flamengo. Obriga-se a desaparecer das concentrações populares e até das telinhas. Como alternativa, percorre o planeta. Depois da Suécia e da Finlândia, programa viagens ao Vietnã, França, Portugal e alhures.
SEM APOIO
Já entregou o ministério e não reconquistou o apoio do Congresso, mesmo distribuindo benesses, favores e sinecuras a deputados e senadores. Não dispõe da metade do PT e alimenta o PMDB como os imperadores romanos alimentavam os leões. Com três anos e dois meses pela frente, a pergunta é se vai aguentar. Além do desemprego em massa, do aumento de impostos, taxas e tarifas, do congelamento e até da redução dos salários e direitos sociais,  da elevação do custo de vida, da inflação e do corte de recursos para obras públicas, assiste o dia seguinte tornar-se sempre pior do que a véspera.
A sucessão de escândalos envolvendo ministros, líderes, dirigentes partidários de sua hoje esfrangalhada base política, além de funcionários públicos e empreiteiras, não deixa duvidas de que o Tiririca estava errado: fica pior, sim.
Jura a presidente que não renuncia. Dificilmente o Congresso aprovará o seu afastamento. Na melhor das hipóteses, o remédio é continuar sofrendo, ela e nós. Na pior será ver a indignação geral transformar-se em rebelião social  e na ruptura institucional.
QUANDO CHEGAR O QUARTO VOLUME
Só no primeiro volume de suas memórias o ex-presidente Fernando Henrique já perdeu um milhão de amigos e admiradores. Imagine-se quando o quarto volume chegar às livrarias. Não vai sobrar ninguém.

24 de outubro de 2015
Carlos Chagas

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