Desde tempos imemoriais que a vida revela-se sempre mais fascinante do que a ficção. Alguém poderia supor ter a República sido proclamada por uma disputa de namorada entre o marechal Deodoro da Fonseca e o senador Gaspar da Silveira Martins? Ou que Epitácio Pessoa se tornaria presidente da República por encontrar-se em Versailles, representante do Brasil na conferência de paz depois da primeira guerra mundial? Mesmo como pesadelo, imaginou-se Getúlio Vargas ficar quinze anos no poder, até como ditador, na primeira vez, saindo na segunda por meter uma bala no peito? Que Jânio Quadros renunciaria sete meses depois de sua apoteótica eleição? Ou que os militares permaneceriam 21 anos no poder sem disparar um tiro? Imaginou-se Fernando Collor defenestrado? Tancredo Neves morto antes de assumir?
É a vida superando de muito a ficção. Por isso, surge a pergunta: Dilma Rousseff concluirá seu mandato em meio a uma das mais violentas crises econômicas e políticas de nossa História? E quem ocupará a presidência da República na hipótese de Madame renunciar ou ser submetida ao impeachment?
Dentro da ortodoxia constitucional, o vice Michel Temer, mas apenas se o Tribunal Superior Eleitoral não anular o resultado das eleições do ano passado por uso de dinheiro podre na campanha. Nessa hipótese, duas alternativas: assumiria o segundo colocado, Aécio Neves, para completar o período de governo,ou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria 90 dias para convocar novas eleições diretas, se a vaga se abrir na primeira metade do atual mandato. Na segunda, o Congresso elegeria o presidente-tampão.
E OS NOMES?
Em matéria de nomes, primeiro os clássicos. O Lula seria candidato do PT e penduricalhos. Aécio poderia lançar-se pelas oposições, mas Geraldo Alckmin está nos seus calcanhares. Por que não José Serra?
A ficção perderia para a vida caso se abram possibilidades fora do quadro partidário, imprevistas, mas possíveis: Joaquim Barbosa, posto em sossego? Rodrigo Janot, em fase ascendente? Que tal Sergio Moro, esperança bem nascida?
Dos atuais governadores, exceção de Alckmin, situado em via partidária, não sobra ninguém em termos de performance e liderança. Buscar opções nas igrejas evangélicas ou num cardeal assemelha-se a impossibilidade, assim como mais irreal parece um general no poder.
Passou o tempo dos salvadores da pátria emergindo do imponderável. Muito menos dos recursos ao passado da Monarquia ou do parlamentarismo. Sobra o Tiririca…
09 de agosto de 2015
Carlos Chagas
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