Diante das ameaças de isolamento do vice-presidente e articulador político do governo Michel Temer por integrantes do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avisa: “Qualquer tentativa de sabotagem do Michel acabará em ruptura”.
Em entrevista ao Estado, Cunha admite rusgas com Temer, mas promete solidariedade e ameaça antecipar o desembarque do PMDB do governo.
“O PMDB dificilmente repetirá a aliança com o PT. Este modelo está esgotado.” Ele cobra “adesão” do PT ao governo Dilma Rousseff e atribui ao partido a impopularidade da presidente. Sobre críticas de aliados e opositores, diz preferir ser “ditador” a “frouxo”.
Ao receber a reportagem em seu gabinete na noite de quinta-feira, Cunha comentou a cor verde da gravata que usava. “A esperança é a última que morre. Mas ela morre.”
“O PMDB dificilmente repetirá a aliança com o PT. Este modelo está esgotado.” Ele cobra “adesão” do PT ao governo Dilma Rousseff e atribui ao partido a impopularidade da presidente. Sobre críticas de aliados e opositores, diz preferir ser “ditador” a “frouxo”.
Ao receber a reportagem em seu gabinete na noite de quinta-feira, Cunha comentou a cor verde da gravata que usava. “A esperança é a última que morre. Mas ela morre.”
O senhor classifica o PMDB como governista ou oposicionista?
O PMDB fez parte do processo de reeleição, faz parte do governo. Mas não é para dizer amém a tudo o que acontece. E o PMDB dificilmente repetirá a aliança com o PT em algum momento. Não repetirá. Porque este modelo PMDB com o PT está esgotado. Temos obrigação de dar sustentabilidade política para o governo dela (Dilma Rousseff). Mas o PMDB vai buscar o seu caminho em 2018. Não vejo o PMDB de novo numa candidatura do PT.
O senhor prevê um distanciamento agora em 2016?
Em algumas capitais, sem dúvida.
Como está a relação da Câmara com o governo depois da entrada de Michel Temer na articulação?
É muito melhor. O que vejo aqui, pelo cheiro no corredor, é que há ainda problemas com a própria base e com o governo. Vejo nitidamente que há uma tentativa de sabotagem do PT ao Michel dentro da articulação. Não tenho dúvida nenhuma disso. E isso é um tiro no pé, porque a condição, quando levaram o Michel, era que, justamente, você não vai demitir o vice. Qualquer tentativa de sabotagem do Michel acabará em ruptura.
Essa tentativa é algo pontual dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Jaques Wagner (Defesa)?
Não atribuo nomes. Só sinto o cheiro no ar. A fábrica do perfume cabe a vocês pesquisar.
Mas e esse episódio recente deles se colocando em relação à Secretaria de Relações Institucionais, assumida por Temer em abril?
Havendo ruptura desse processo com o Michel, haverá ruptura do PMDB com o governo. Isso é inevitável. Na hora em que o Michel for sabotado e confrontado no processo, deixar o comando da articulação política, da qual ele não pediu para ser, não tem razão nenhuma de o PMDB ficar no governo.
Um eventual enfraquecimento de Temer significa um fortalecimento seu?
Pelo contrário. Ficarei solidário ao Michel e partirei para defender o rompimento em conjunto. Não sou adversário do Michel, nem confronto o Michel. Sou aliado dele. Posso ter, eventualmente, as minhas rusgas, mas é fruto da amizade. Mas jamais tivemos qualquer gesto de afastamento ou deslealdade.
A presidente Dilma consegue recuperar a popularidade? O ajuste fiscal ajuda ou atrapalha?
Você sofre o desgaste da contestação do que você prometeu na campanha eleitoral e faz diferente no exercício do governo. Isso gerou uma contestação que levou a uma continuada perda de popularidade, agravada pelo processo das denúncias generalizadas de corrupção e pela situação da economia, que deu uma deteriorada. Tenho impressão de que ela (impopularidade) chegou ao ápice. Depois, a tendência é recuperar.
Essa recuperação vem agora?
Para ela melhorar os níveis de popularidade depende de três fatores: conseguir recuperar a economia, ter uma estabilidade política e precisa, efetivamente, mostrar ações. Dependendo do sucesso ou insucesso desse conjunto, ela poderá recuperar mais ou menos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É o tipo de entrevista que necessita de tradução simultânea. Cunha está ameaçando o Planalto. Se houver qualquer constrangimento a Temer, o PMDB rompe com o governo. E esse rompimento significará sinal verde para o impeachment e a volta do PMDB ao Poder. Simples assim. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É o tipo de entrevista que necessita de tradução simultânea. Cunha está ameaçando o Planalto. Se houver qualquer constrangimento a Temer, o PMDB rompe com o governo. E esse rompimento significará sinal verde para o impeachment e a volta do PMDB ao Poder. Simples assim. (C.N.)
16 de junho de 2015
Daniel Carvalho e Erich Decat
Estadão
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