"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

LULA MANDA MERCADANTE SER ISOLADO E DILMA OBEDECE


I

 
Apesar de estar próximo da presidente Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, tem perdido força dentro do núcleo decisório do poder e não está na linha de frente da tentativa do governo de recuperar terreno em meio à crise.
 
Logo depois de chegar à Casa Civil, em fevereiro de 2014, Mercadante conquistou ares de superministro. Mas, nestes primeiros quatro meses do segundo mandato de Dilma, foi obrigado a compartilhar poder.
 
Boa parte das críticas do PT ao modelo de coordenação política adotado por Mercadante parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro é apontado como responsável pela estratégia de criar um novo núcleo governista, dando mais poderes ao ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e ao então ministro da Educação, Cid Gomes (PROS), como forma de reduzir a dependência da presidente em relação ao PMDB. Diante da ameaça, o aliado reagiu e começou a impor uma série de derrotas ao governo no Congresso Nacional.

A antipatia do PMDB em relação a Mercadante também aumentou depois de ele ter atuado nos bastidores contra a eleição tanto de Renan Calheiros (AL) para a presidência do Senado quanto de Eduardo Cunha (RJ) para a da Câmara.
 
LULA EM AÇÃO
 
Com o agravamento da crise, Lula, nome natural do PT para 2018, acabou por convencer Dilma a afastar o ministro da articulação política e entregar essa função exclusivamente ao vice-presidente Michel Temer. Antes, o ex-presidente chegou a sugerir que a presidente tirasse Mercadante da Casa Civil e o substituísse pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, mas Dilma não quis abrir mão daquele que tem sido um dos seus mais fiéis aliados.
 
Foi a presidente que alçou Mercadante à condição de ministro, primeiro da Ciência e Tecnologia, depois da Educação e, por fim, da Casa Civil. Apesar de ter ocupado a liderança do PT no Senado, o petista nunca foi visto pelos seus pares como um articulador habilidoso. Essa fama de poucos amigos, de quem raramente dá “bom dia”, não ajudou nas negociações com o Congresso, criando um limbo na relação entre as duas Casas e o Planalto.
 
A escolha do deputado Pepe Vargas (PT-RS) para a Secretaria de Relações Institucionais também se mostrou equivocada. O resultado foi sua rápida passagem pela pasta, sendo realocado na semana passada para a de Direitos Humanos.
 
OSTRACISMO
 
Antes escalado por Dilma para ser a voz do governo em todas as ocasiões, Mercadante agora vem sendo preterido por outros nomes, como o do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a presidente recorreu na sexta-feira para defendê-la da ofensiva da oposição, que tem ameaçado abrir um processo de impeachment contra a petista. Também foi Cardozo que, na primeira grande manifestação deste ano contra o governo, no dia 15 de março, foi à TV dar a avaliação do Planalto sobre os protestos.
 
No último mês, Mercadante também perdeu o protagonismo para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre as questões econômicas, já que ele não conseguiu avançar nas negociações para aprovar o pacote de ajuste fiscal. Levy, por outro lado, tem encontrado as portas abertas para conversar tanto com Renan quanto com Cunha.
 
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Lula não suporta Mercadante, e a recíproca é verdadeira. Quando Dilma o procurou, quinta-feira antes do Carnaval, para se curvar perante ele e pedir socorro, Lula exigiu que afastasse Mercadante e Vargas. Ela obedeceu, claro. Depois, mandou nomear Eliseu Padilha, ele recusou, Lula então fez Dilma procurar Michel Temer, que passara 1uatro anos desprezado, à margem do Poder. Traduzindo: quem manda é Lula; Dilma não significa mais nada. É apenas um rosto na multidão. (C.N.)

22 de abril de 2015
Isadora Peron
Estadão
 

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