"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

JUROS SOBRE A DÍVIDA DO PAIS SUPERAM INFLAÇÃO E REAJUSTE DE SALÁRIOS




Mais uma vez tenho o prazer de citar dados fornecidos pelo companheiro Flávio José Bortolotto, ao focalizar a incidência dos juros que recaem sobre a dívida brasileira, na escala impressionante de 2,2 trilhões de reais, da qual 92% referem-se a títulos do Tesouro no mercado interno e a parcela de 8% a compromissos externos em dólar.

As NTNS (Notas do Tesouro Nacional) são corrigidas atualmente a base de 11,75% ao ano. Mas há títulos atrelados a variação cambial, entre outras formas de rentabilidade. A média, no final da ópera, supera a taxa inflacionária que, de acordo com o governo, em 2014 foi de 6,4%.

Portanto, a rentabilidade financeira do capital supera a correção aplicada aos salários e se distancia do crescimento do Produto Interno Bruto, que baliza o movimento econômico nacional. Esta comparação, inclusive, é o tema central do livro “O Capital no Século 21”, do economista francês Thomas Piketty, que tanto sucesso vem alcançando. Piketty, através de uma série de pesquisas em vários países, demonstra que a remuneração do capital supera o avanço da economia. Ou seja, o impasse agora desloca-se para outro plano de debate.

INVESTIMENTOS DESESTIMULADOS

Se a simples aplicação sobre os valores monetários resulta mais positivamente do que nos investimentos econômicos, estes, e claro, perderão sempre a corrida contra os primeiros. O que e péssimo para a distribuição de renda, chave dos avanços sociais, e pior ainda para o mercado de trabalho em consequência.

Quanto ao mercado de trabalho, inclusive, tem de ser considerado também o avanço da tecnologia, que reduz a necessidade da mão de obra humana para produzir os mesmos resultados no processo de fabricação.
São perspectivas que devem ser analisadas conscientemente, sobretudo para criar condições melhores da existência da população em futuro próximo. Como, por exemplo, a fabricação e comercialização de automóveis. Esse processo não para de crescer, mas as ruas e vias urbanas não podem se expandir na mesma proporção.

ENGARRAFAMENTO E POLUIÇÃO

Como resultado, vão surgir cada vez mais congestionamentos, mais poluição. Não apenas em função de boa parte dos veículos em circulação não estarem bem regulados, o que amplia a queima de óleo, mas também em decorrência da poluição normal e inevitável que acarretam.
Dentro dos próximos dez ou vinte anos essa questão, em grandes cidades do mundo, como o Rio e São Paulo, terá atingido um ponto ameaçador para as sociedades. Maior poluição, maior a vulnerabilidade a doenças. Mais gastos com a saúde, portanto.

Piketty aborda a essência da maior rentabilidade oferecida ao capital neste século, o que e suficiente para servir de alerta as consequências de modo geral. Uma delas a saturação dos centros urbanos atingidos pela frota de veículos particulares e também em face das ocupações desordenadas de espaços urbanos e florestais.
A economia brasileira É um exemplo bastante concreto da prioridade aplicada ao capital em relação aos investimentos econômicos e aos salários. O panorama, como se vê, precisa mudar.

21 de janeiro de 2015
Pedro do Coutto
 

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