"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 28 de setembro de 2014

POLÍTICOS NÃO VÃO SOSSEGAR ENQUANTO NÃO CONSEGUIREM EMBURRECER A POPULAÇÁO INTEIRA. CANALHAS!

 

Eu já tinha lido sobre a notícia que o Senado estaria estudando uma reforma para simplificar a ortografia de modo a “facilitar a alfabetização”, mas não dei muita bola, achando que a coisa não iria adiante, mas ao ler hoje no editorial de O Globo que a Casa já criou um grupo de trabalho com o propósito de estudar mudanças ortográficas, vi, mais uma vez, que no Brasil do PT a estupidez não tem limites.

Se a tal reforma ortográfica recente já foi uma idiotice que de nada serviu a não ser para confundir a nossa cabeça imagine esta - de se escrever como se fala - que estão propondo. Leiam o editorial.

Populismo pauta discussão sobre ortografia
 
Senado dá abrigo a grupo que propõe introduzir mudanças com o objetivo de opor à norma culta o princípio inaceitável de ‘escrever como se fala’

A língua exerce importante papel na integração de um país. Diversidade de dialetos — ou seja, a falta de um idioma unificado —, mesmo em nações territorialmente pequenas, costuma ser um estímulo a conflitos e contribuir para alimentar movimentos de secessão. O Brasil, de dimensões continentais, e mesmo com realidades culturais que variam de acordo com cada região, teve o mérito, ao longo de sua História, de preservar a língua, sem descuidar da grafia. Sotaques à parte, o que é compreensível, o idioma que se fala, e escreve, no extremo Norte é o mesmo das populações do Sul.

Sintomaticamente, nestes mais de 500 anos o país não sofreu significativas ameaças de fragmentação territorial, graças também aos portugueses. A preservação de uma língua unificada de Norte a Sul teve papel fundamental nesse processo. Defender o idioma contra a degradação é um compromisso que precisa ser abraçado pela sociedade, no dia a dia da linguagem falada, nas escolas, em todos os campos de atividades educacionais e culturais. Contra esse pressuposto, no entanto, arma-se um movimento, deletério por princípio, que visa a promover uma reforma (mais uma) alegadamente para simplificar a ortografia e, em decorrência, facilitar a alfabetização. Entre outras propostas, pretende-se erradicar da escrita letras que não se pronunciam (como o “h” em “hora”) e a duplicidade de grafia para o mesmo som.

Enquanto esteve circunscrita a debates internos, a ideia não passou de mera curiosidade. Mas tornou-se preocupante ao alcançar o Congresso, onde encontrou acolhida. Por sua Comissão de Educação, Cultura e Esporte, o Senado criou um grupo de trabalho com o propósito de estudar as mudanças ortográficas. Tanto mais grave é que, em ato que pode contribuir para mais confusão, a presidente Dilma assinou decreto ampliando até 2016 o prazo para a adoção definitiva do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado pelos países lusófonos.

Escrever como se fala, em última instância o propósito desse tipo de iniciativa, que não esconde seu viés populista, é um aviltamento da língua. De um lado, dá abrigo a sofismas como a adoção, pelo MEC, de um livro didático com erros de Português, em nome de um pretenso “idioma popular”, como ocorreu em 2011; de outro, a deterioração da norma culta mal disfarça uma discriminação contra aqueles a quem supostamente se pretende beneficiar: o pressuposto é de que tais pessoas não teriam condições de se educar para ascender a novo patamar cultural.

Menos mal que contra essa estapafúrdia ideia há vozes representativas. O filólogo e acadêmico Evanildo Bechara a bombardeou em artigo no “Estadão”. A escritora e também acadêmica Ana Maria Machado, no GLOBO, observou: “O remédio (contra dificuldades da língua e na alfabetização) é mais educação”. O Senado tem de se dar conta que, ao avalizar a ideia, dá abrigo ao que pode soar como brincadeira. De mau gosto.
 
28 de setembro de 2014

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