Depois de uns três meses de visitas e interferências diárias no Facebook, confesso que estou no limiar de uma crise de nervos por testemunhar tanta irresponsabilidade de gente que eu considerava, até certo ponto, culta e preparada. Não, não se trata de opiniões ou de discussões sobre isso ou aquilo, mas sobre a divulgação e a consequente disseminação, em velocidade de pensamento, dos maiores absurdos imagináveis, asseverados pelos usuários, sem o mínimo cuidado em se certificar sequer se a notícia faz sentido.
Digo isso correndo o risco de magoar até parentes e amigos que se sintam atingidos. É que além de “perder o amigo, mas não perder a piada”, eu perco até parente, mas não perco a verdade nem a sinceridade.
Querem alguns exemplos absurdos do que eu digo? Joselito Müller, um mestre em criar notícias “fake”, mas sempre carregadas de um humor ácido e de uma ironia que as tornam facilmente identificáveis como piadas, “revelou” outro dia que Lula havia dito que “o problema do Japão é que eles só pensam em educação e saúde” e que “se eles investissem também em futebol ainda estariam na Copa”.
Sinceramente, nem partindo do apedeuta dá para acreditar, no entanto, trocentas pessoas reproduziram a “notícia” como verdadeira. Outra, atribuída a Aldo Rebelo pelo mesmo Joselito - “a saúde pública do Brasil é muito boa se comparada a do Zimbabue” -, também fez sucesso, com gente jurando de pés juntos sobre a sua autenticidade.
Sinceramente, nem partindo do apedeuta dá para acreditar, no entanto, trocentas pessoas reproduziram a “notícia” como verdadeira. Outra, atribuída a Aldo Rebelo pelo mesmo Joselito - “a saúde pública do Brasil é muito boa se comparada a do Zimbabue” -, também fez sucesso, com gente jurando de pés juntos sobre a sua autenticidade.
Mais uma que fez sucesso recentíssimo, e eu até comentei aqui, foi a “teoria da piração” afirmando que Brasil vendeu a Copa, invenção baseada em outra, de 1998, que dizia a mesma coisa com os protagonistas da época. Teve até gente que discutiu comigo. O mais incrivelmente idiota é que mesmo os absurdos mais escancarados como esse, acabam se desenvolvendo e, através de fatos fortuitos e reais que lhes são associados e devidamente distorcidos, se desmembrando em argumentos para reforçar mais ainda esses despautérios, como a mais recente, vista hoje por mim, que desmente peremptoriamente a fratura do Neymar, configurando tal “mentira” como parte integrante da teoria que comprova a venda da Copa.
Gosto e não fujo de uma boa discussão quando ela é opinativa, como as que eu tenho com a Theresa no Face, quando nenhum de nós se escora em mentiras para debater. Meu problema é ficar malhando em ferro frio para tentar fazer marmanjos supostamente cultos raciocinarem e serem responsáveis pelo que divulgam. Já ensinei e dei exemplos de responsabilidade aos meus quatro filhos, durante muito tempo e com muito sucesso. Se hoje não preciso mais me preocupar com eles, por que eu haveria de me preocupar com os outros?
A partir de hoje o Facebook vai me servir apenas para ver e publicar fotos dos meus filhos e netos. Eu desisto antes que perca o pouco de paciência que me resta.
17 de julho de 2014
Mais emburrecedor que isso, só ser de direita.
ResponderExcluirPublico o comentário por ser uma opinião que exerce o direito do exercício da crítica. Só não consigo entender duas coisas:
ResponderExcluir1. por que o anonimato? Medo??
2. o que faz um 'mortadela' num blog de direita, ou melhor, conservador, quando há vários blogs'chapas brancas' apregoando o fanatismo e a santidade do mais recente 'fenômeno' do embuste e da mentira?
Que o facebook é um espaço democrático até demais, o que acontece com todos os espaços públicos que convidam os 'figurantes' dos mais variados matizes a expressar das mais sensatas aos maiores absurdos em termos de questionamentos políticos, já não restam mais dúvidas. Emburrece apenas os que já carregam o signo da burrice e se esforçam por compartilhá-la.
Se fossemos exigir sensatez de eleitores, acabaríamos discutindo o sexo dos anjos...
Quanto aos semeadores de 'fakes' eles estão em todos os lugares onde haja condição de plantar cretinices e maledicências.