"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de junho de 2014

SALVE-SE QUEM PUDER

BRASÍLIA - Sabe qual a principal conclusão do Datafolha publicado nesta sexta (6)? Que o eleitor e a eleitora estão de mau humor, insatisfeitos e sem conseguir enxergar a luz no fim do túnel, ou melhor, "aquele" candidato na cédula.

Esse cenário é ruim para a política, para a eleição e principalmente para os candidatos, mas quem mais sai perdendo é quem disputa a reeleição. Mesmo com todos os seus instrumentos à mão, mesmo com todas as entrevistas, mesmo com a maior coligação partidária do planeta --ou seria justamente por causa de tudo isso?-- Dilma continua perdendo pontos. Desde fevereiro, lá se foram dez pontos. Não é desprezível.

Curiosamente, porém, nenhum dos expoentes da oposição consegue entrar no vácuo e colher os votos que Dilma vai deixando aos punhados pelos descaminhos da economia, com crescimento ridículo, preços altos e juros altíssimos, sem nenhuma explicação plausível para o digníssimo público leitor e eleitor. Nem explicação, nem porta de saída para um ambiente melhor.

Aécio Neves, que ganhara fôlego com a propaganda do PSDB na TV, estacionou depois disso, oscilando da marca dos 20% para 19%. E Eduardo Campos, que precisava correr muito, coitado, está comendo poeira e se aproximando constrangedoramente do Pastor Everaldo, que seria importante para haver segundo turno, mas nem é mais tanto.

Pela trajetória dos índices, o segundo turno hoje está virtualmente garantido. Dilma tem apenas 34%, contrariou as expectativas de crescimento e mantém a tendência descendente no final do primeiro semestre. Nada indica que terá munição para entrar em alta no segundo.

Aliás, o Datafolha joga luz sobre a fragilidade de Dilma, e fortalece as incertezas sobre sua capacidade de ganhar, justamente no momento decisivo das convenções partidárias. O PMDB, o PSD, o PP e o PR estão com ela, certo? Certo, mas eles têm imenso instinto de sobrevivência.

 
10 de junho de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

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