"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

LO NDONISTÃO: UMA VISÃO PRESCIENTE DE UMA FICÇÃO DE 1914

A exagerada narrativa antecipa de forma assustadora a aliança da esquerda com os islamistas de nossos tempos, fenômeno praticamente imperceptível até os anos de 1980.

Há exatamente um século, o renomado escritor britânico G.K. Chesterton (1874-1936), considerado por seus admiradores como o maior pensador e escritor do século XX, publicou um curioso livro de ficção intitulado The Flying Inn (A Pousada Voadora). No interlúdio da Primeira Guerra Mundial, ele imaginou o Império Otomano conquistando a Grã Bretanha e impondo a lei da Sharia.



Chesterton percorre esse improvável cenário como meio de ridicularizar o progressismo, a mesma abordagem arrogante, "científica," de cima para baixo, esquerdista, ao governo que caracteriza a época de Obama.
Chesterton explicou corretamente que "o negócio dos Progressivos é continuar a cometer erros" e The Flying Inn sarcasticamente expõe essas falhas. Nas passagens, sua visão de uma ilha com o cetro islamizado, tem figuras que saltam aos olhos, merecendo comemoração pelo seu centenário.


Notoriamente distraído, G.K. Chesterton tinha a tendência de escrever em qualquer lugar que se encontrava.


Chesterton fala de uma guerra em que "o maior dos guerreiros turcos, o terrível Oman Pasha, famoso pela sua coragem no campo de batalha e igualmente famoso pela crueldade em tempos de paz", conquista uma notória vitória sobre as forças britânicas, acaba ocupando a Inglaterra, com os turcos se apoderando da polícia militar e a crescente influência de um "eminente místico turco", Misysra Ammon, que defende costumes islâmicos, como não ingerir carne de porco, proibição de imagens representativas, tirar os sapatos na porta de entrada e a poligamia.


Mas o mais importante costume islâmico, ao redor do qual gira o The Flying Inn, é o decreto de Oman Pasha de destruir os vinhedos e a proibição do consumo de álcool. Lorde Philip Ivywood, ávido, progressivo adepto da dhimmi de Ammon, aprovou em 1909 a proibição de consumo de álcool, com raras exceções: edifícios com letreiros de pousadas nas fachadas (prestes a caírem em desuso) e dois famosos barzinhos para membros do parlamento (é claro), o Claridge's Hotel e o Criterion Bar. De resto, pubs serviam limonada, chá e o que Chesterton chamava de "bebidas sarracenas".


The Old Ship é um nome comum para pubs e pousadas. O da foto acima fica em Aveley, Inglaterra.


Aproveitando a brecha, um valente marinheiro irlandês e um taberneiro passam a viajar pelo campo com o cartaz do pub "The Old Ship", um enorme barril de rum e um considerável tambor de queijo cheddar. Suas façanhas orgíacas e a crescente fúria do Lorde Ivywood, são os ingredientes da ficção, culminando na revolta contra Ivywood, contra Londonistão, contra a força policial turca usando o fez (tipo de chapéu turco) e os costumes abstêmios. Odiando "o fato de serem esmagados pelas armas dos homens marrons e amarelos, fez com os ingleses o que não se via há séculos". A heróica insurgência acaba com a morte de Oman Pasha "com sua face voltada para Meca" e com a reabertura dos pubs.


Soldados usando o fez em The Attack (O ataque) de Fausto Zonaro (1854-1929), um retrato da Batalha dos Domekos da Guerra greco-turca de 1897.



Muito embora seja um desafio ler a ficção, a exagerada narrativa antecipa de forma assustadora a aliança da esquerda com os islamistas de nossos tempos, fenômeno praticamente imperceptível até os anos de 1980. Antevendo George Galloway e Carlos o Chacal, o esquerdista Ivywood chamou o Islã de "grande religião" e "religião do progresso". Ele até preconizava a completa união entre a cristandade e o islamismo, a ser chamada Chrislam (termo atualmente em uso), ao passo que um pároco mais moderno desejava que a St. Paul's Cathedral ostentasse "uma espécie de duplo emblema", combinando a cruz com a lua crescente".


Chama a atenção que Ivywood escreveu uma biografia do titânico sultão otomano Abdul Hamid II para a série Progressive Potentates, prevendo (entre outros livros) a inflada biografia de Patrick Seale sobre Hafez al-Assad. A esquerda de hoje encontra justificativas para a mutilação genital feminina, Ivywood abandonou meninas ocidentais sequestradas para servirem em haréns turcos com base na premissa de que "não deverá haver nenhum novo desentendimento que venha a causar algum desconforto nos nossos laços amigáveis". Ecoando os progressistas de hoje, ele argumenta que as mulheres turcas desfrutam da "maior liberdade" e ao mesmo tempo menospreza as mulheres britânicas.


Na mesma linha, Chesterton previu outros temas então não existentes, hoje com força total. Ivywood também especulou sobre os dias atuais: em "um ou dois séculos", segundo ele, "talvez vejamos a causa da paz, ciência e reforma em todos os lugares apoiadas pelo islamismo". Nesse espírito, ele defende"Ásia na Europa", algo que a imigração muçulmana já atingiu.


O místico turco Ammon declarou que "alguma mania sobre a civilização inglesa que parece ter sido fundada pelos turcos, acredita que os ingleses logo voltarão a pensar dessa maneira". A bem da verdade, é comum ouvir em 2014 islamistas insistirem na crença de como os muçulmanos chegaram às Américas no século X d.C. e que o Islã teve um papel preponderante na composição da Constituição dos Estados Unidos.
The Flying Inn esboça, de forma memorável, um quadro preliminar, maluco e esquisito do islamismo na Grã Bretanha, quadro esse, muito mais real nos dias de hoje do que quando foi publicado, numa época tão diferente.

12 de junho de 2014
Daniel Pipes
Publicado no The Washington Times.
Original em inglês: A 1914 Novel's Prescient Vision of Londonistan

Tradução: Joseph Skilnik

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