"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A ERA DO MEDO

 
BRASÍLIA - A valentia demonstrada em público por muitos nos últimos dias não passa de fachada. O sentimento que predomina em Brasília, salvo algumas exceções, é de temor em relação ao que pode vir por aí de uma CPI da Petrobras e, principalmente, da Polícia Federal.

O medo só fez aumentar na última sexta-feira, depois que a PF iniciou a segunda fase da operação Lava Jato, focada em operações da petroleira. Naquele dia e no fim de semana, as conversas entre atores políticos e empresariais versavam sobre o risco de perda de controle.

Sinal de que há muita coisa arquitetada de forma nada republicana em negócios com a estatal que, se vier a público, pode complicar a vida de muita gente tida como boa nos gabinetes da capital federal.

Não é de hoje que o corpo técnico da estatal, aquele não se mete em relações políticas para galgar cargos, reclamava do uso político da Petrobras e dos consequentes negócios feitos por essa turma na empresa.

Lembro de ter ouvido, de um deles, que as negociatas ganharam proporções insuportáveis. Pedi informações para levantar algumas delas. Resposta: coisa de profissional, não deixam rastros. Mas um dia a casa cai, desabafou ele. Talvez tenha chegado tal momento.

Daí o medo que toma conta de Brasília, principalmente daqueles que, nos últimos anos, apadrinharam diretores na estatal. Daí que, em nome da sobrevivência, tudo indica que deve ser acionada a tropa de choque governista para sufocar qualquer tipo de investigação. Ainda mais em ano eleitoral.

A politicalha diz que a presidente Dilma não havia compreendido que, mesmo livre de qualquer conexão com malfeito na estatal, seu governo corre o risco de ser uma das vítimas de uma devassa na Petrobras.

Como explicar, por exemplo, o apoio em sua campanha de aliados que se lambuzaram na estatal. Daí que, em nome da eleição, o medo deve vencer a valentia. A conferir.

15 de abril de 2014
Valdo Cruz, Folha de SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário