Essa sequência de eventos do futebol, que selecionei no ARQUIVO ESPORTIVO, mostra a genialidade do brasileiro, uma genialidade que está presente em todas as manifestações, quando o povo é chamado a dar a sua "graça", o seu aplauso, a sua indignação, o seu desconforto diante de uma política excludente, de violenta concentração de renda, ele se reúne, se manifesta, deixa sua presença desconfortável para os que insistem em manter privilégios, em dentrimento da nação, do povo brasileiro, que aparentemente silencioso, parece que aceita a violência da desigualdade.
Quando esse povo se manifesta, faz o seu "gol de placa", denunciando sua inconformidade com o abuso de um poder delegado, que ainda não entendeu que o núcleo essencial de um país, é o seu povo. Especulo se a ignorânca dessa suposta "elite do poder delegado", não seja exatamente a razão do nosso atraso, que se perpetua por tantos séculos!
Sempre me chamou a atenção o protesto tácito, que se mostra nos muros da cidade. Graviteiros e pichadores, manifestam, muitas vezes em mensagens cifradas, essa ferida que infecta o social brasileiro.
Distingo entre grafiteiros e pichadores
O grafiteiro expressa, através de desenhos e símbolos, muitas vezes, pensamentos de conteúdos filosóficos, sociológicos, psicológicos, ponte do que pensa a coletividade.
O grafiteiro é uma voz aparentemente solitária, mas que assume as dores de uma sociedade oprimida, numa democracia de papel, que não se expressa na realidade da distribuição da riqueza nacional, que paradoxalmente, é produzida por esse povo oprimido pela renda insuficiente, que não lhe dá o acesso aos direitos comuns da cidadania, como saúde de qualidade, educação verdadeira, dignidade de renda, como forma de participação da proclamada igualdade democrática.
Até concordo que a Educação, esteja sendo mediocrizada, o que vem ocorrendo em ritmo acelerado atualmente! Um povo educado, é nação consciente, é povo que cobra seus direitos, que controla o poder do voto, e sabe a quem eleger!
Os pichadores não estão produzindo mensagens significativas, e nem demonstram interesse nisso. São narcisistas, que através de "rabiscos", forçam sua presença, com indisfarçavel descompromisso com a manifestação inteligente.
Prestam talvez, embora inconscientemente, o simples interesse de não permitir que paredes ou muros, permaneçam sem a sua "assinatura". Violtentam com ferocidade e despropósito, a cara do urbanismo organizado. Seria inconformismo? É possível ler como uma violência à desigualdade social? Certo é que nada há de gratuito nesses atos, ao vermos uma cidade rabiscada, sem qualquer graça ou beleza. Não é aleatório, como qualquer ato social indepente, sempre significa mensagem coletiva.
Misturam suas pichações, no pensamento grafiteiro, muitas vezes tentando ofuscar as mensagens icônicas dos desenhos e mensagens criativas, que representam as vozes caladas da simplicidade de um povo. Calada mas ressentida!
Algumas pinturas são caricatas, outras são belíssimas, expressando sentimentos do autor, que também são emoções coletivas. Expressam uma arte clandestina, ou maginalizada, que não se adapta aos padrões da estética consentida do social sistêmico. São parte de uma estética paralela.
Já ouvi pessoas, geralmente idosas, que olham essas manifestações, como atos de vandalismo. "Sujam a cidade!", proclamam em voz baixa, negando com a cabeça... "Falta de respeito, de obediência aos 'bons costumes!'
Observo com interesse esse protesto riscado, ou simbólico, que traz um sentimento revolucionário. Muitas vezes, sob a forma de chacota, como a que vi num paredão, e que cito: "celacanto provoca diarréia."
É na palavra "celacanto", que acredito poucas pessoas saibam o significado, e que revela a intenção do grafiteiro, de despertar uma curiosidade debochada, que chama a atenção dos passantes.
Tenho um projeto, sobre essa matéria. Ainda não defini os meios precisos para realiza-lo. Mas vou torna-lo uma realidade, tão logo possível.
Pretendi distinguir a diferença entre o grafiteiro e o pichador. Foi este o propósito, apontando que essa diferença se faz na medida em que o grafiteiro tem um objetivo, ao passo que o pichador revela-se como um narcisista aparentemente desordenado, que pretende ser visto na identificação do mesmo rabisco (ou assinatura!)
É possível que seja, talvez, algum código de identificação, que os praticantes do mesmo ritual, reconheçam: "fulano passou por aqui!"
Mas não abandono a idéia de que também os pichadores, possam representar alguma forma de inconformismo, sob a aparência do narcisismo.
04 de dezembro, véspera de 2026
prof. mario moura
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