Penso que chegamos a um nível de política e governança, jamais experimentados em toda a história, da Colônia à República. Fica mesmo difícil, alinhar tamanha ausência de compostura política! Ela reflete o grau de despreparo para tratar relações de poder e privacidade, desrespeitando regras básicas, diria mesmo primárias, para o exercício de lidar com a cidadania.
Aí está, desconfortavelmente posto, o povo brasileiro, que a tudo assiste envergonhado de tamanha falta de respeito para tratar com a "res publica", e que não passa despercebida aos olhos estrangeiros.
Ficamos menor, ficamos bem menor aos olhos atentos das democracias que se interrogam abismadas, diante de tamanha incoerência de princípios, sobre os rumos políticos escolhidos e em que estamos afundando, desnorteados, batendo cabeça e escolhendo parcerias e simpatias com ações e grupos, que negam a nossa história e as nossas tradições, além de renegar as raízes da nossa cultura.
A pergunta que não quer calar, simples e direta: o que está acontecendo?
Fácil responder, difícil dar a resposta certa!
Há um emaranhado de linhas e diretrizes que nos antecedeu, e que nos empurrou para o constante desacerto na escolha de quem deve conduzir e pautar o norte a seguir.
Já faz tempo que as democracias enterraram políticas demagógicas e populistas, porém continuamos a valida-las em 'eleições', em que pesam o valor númerico de eleitores e 'slogans' de péssimas qualidades, que misturam ações efetivas e eficazes com "cervejinhas e picanhas"! Penso mesmo, que passa muito perto do 'intolerável'.
O moderno sentido do termo "democracia", já perdeu sua identidade etimológica, pois a modernidade complexa das atuais sociedades, ampliou o campo semântico do termo, e deu-lhe uma nova responsabilidade interpretativa.
Democracia como sistema de governança, exige uma nova dimensão, uma nova leitura, que vai além da distribuição do poder, sem qualificar o mínimo de preparo para a escolha de quem vai acionar os controles sociais, econômicos e políticos (no bom e etimológico sentido), de dirigir a 'nave' em rumo certo.
Exemplificando, gosto de formular uma pergunta simples: você embarcaria numa aeronave da 'Boeing' pilotado por um advogado, ou um marceneiro? Claro que não!! Pois é... Esse é o problema de uma democracia numérica. Saber escolher o "piloto" certo, que reúna as qualificações adequadas para pilotar!
Simples assim... Mas criticar a "democracia numérica" por não exigir a qualificação necessária aos eleitores que escolherão o 'piloto', recebe a pecha de 'elitista', 'autoritário', 'ditador' e outros adjetivos imperiais...
E assim, a aeronave levanta vôo sem ter certeza do rumo, ou do futuro aeroporto a que deve chegar. O pior da história, é que não há paraquedas à bordo!!
prof. mario moura
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